A 18ª edição brasileira da pesquisa Melhores Empresas para Trabalhar acaba de descobrir que 83% dos empregadores mais bacanas (segundo a pesquisa, claro) usam as redes sociais para contratar funcionários. Sabe aquele vídeo em que você, apertando a pança pelada, usa o umbigo para falar com a câmera? Então: rendeu fama de engraçadão no Facebook, mas só tem 17% de chances de passar despercebido pela empresa de família para quem você mandou um CV.
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Entenda as 5 principais etapas das dinâmicas de grupo
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– A tendência de usar a rede social no recrutamento está cada dia mais forte, no Brasil e no mundo. Nos Estados Unidos é até mais forte, mas mesmo aqui já não vejo um processo seletivo sendo feito sem o uso da rede social. É um caminho sem volta – diz Andrea Teixeira, diretora-presidente da Staff RH.
Gustavo Sá, da Desenvolver-RH, concorda que o papel das redes no processo de seleção vem crescendo:
– Hoje em dia o uso das redes sociais no processo de recrutamento dos candidatos é fundamental. Um ponto chave é a velocidade com que flui a informação, a maior quantidade de candidatos alcançados em um curto espaço de tempo e com um esforço muito menor do recrutador – afirma.
Andrea aponta que, com as facilidades oferecidas pelas mídias sociais e as ferramentas de busca, vale sempre apresentar realizações acadêmicas e profissionais de forma completa e transparente.
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– O LinkedIn é o nosso primeiro local de busca. Às vezes recebemos indicações de pessoas com perfil incompleto no LinkedIn, o que pode prejudicá-las – observa Andrea, acrescentando que, para as empresas, o Facebook tem a vantagem da gratuidade na hora de anunciar vagas.
De acordo com Miriam Laier, sócia da ASAP Recruiters, as redes sociais permitem filtrar características básicas e chegar às pessoas que mais se assemelham ao perfil procurado pela empresa.
– Ainda antes do contato, existe a possibilidade de um prejulgamento do perfil, um briefing geral. A rede social é acessada, sim, pelos profissionais de Recursos Humanos, e a pessoa deve saber que imagem quer passar para o mercado. Desde fotos até manifestações políticas e pessoais, tudo pode ter um impacto. Em um ambiente organizacional, a informalidade pode causar problemas para quem publica a informação – alerta Miriam.
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Reconhecendo que “às vezes é interessante ver que um profissional se posiciona e tem opinião”, Miriam repara que isso “tem que ser uma marca da pessoa, e não uma imagem que ela cria e que, depois, não consegue bancar”:
– E será que ela quer misturar? Não precisa mudar em essência, porque isso naturalmente aparece, mas tem que cuidar, se preservar. Não que a empresa esteja olhando mas, no momento em que tu te conectas a colegas, as coisas já estão se misturando. E as pessoas usam as redes dentro das organizações. A empresa não consegue controlar. Então já existe uma mistura – repara a especialista.
Andrea, da Staff RH, entende que “não existe mais uma vida profissional e uma vida pessoal”:
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– O que existe é uma única vida. O que se deixa na rede fica aberto tanto para os amigos quanto para as empresas. Há que se ter cuidado com a exposição. Todos temos vida pessoal, mas publicar coisas que possam vir a te comprometer, ir contra a opinião de outras pessoas, pode desfavorecer – sustenta.
Gustavo Sá entende que a regra geral de comportamento é a mesma que poderia ser aplicada em todos os aspectos da vida – bom senso:
– A dica é se preservar, evitar excessos nas postagens, comentários e fotos. Manter a identidade é importante, postando o que for do seu agrado, mas sempre com bom senso.
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A principal dica dos consultores para que você se expresse livremente sem comprometer uma oportunidade profissional é usar ferramentas de bloqueio como as do Facebook, que permitem canalizar publicações para o público desejado.
Avaliação é complementar
Todos os especialistas consultados por ZH concordam que ter perfis nas redes sociais, especialmente no LinkedIn, é um ponto positivo para o candidato, mas não é o bastante. As conclusões que os recrutadores tiram das redes sociais servem como complemento às outras etapas do processo de seleção:
– Nada se compara a uma entrevista olho no olho. Não lembro de ter excluído alguém somente por causa das redes sociais, até porque é um julgamento superficial. Seria preciso uma evidência gritante de mau comportamento. Se temos dúvidas, não julgamos antes de conhecer o candidato pessoalmente. Queremos saber como ele se comporta e se articula nas redes, mas não vamos excluir por situações que fiquem dúbias – repara Andrea, lembrando uma ocasião em que aconselhou uma pessoa a trocar a foto do perfil do LinkedIn, onde antes ela aparecia vestindo camiseta de micareta.
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Miriam reforça: não coloque foto de balada no LinkedIn, e nem mesmo com a família.
– Será que é o momento? A ferramenta é profissional. Então importante é usar não apenas para ser encontrado, mas buscando contatar pessoas interessantes, que você admira. Utilizar a rede a seu favor, não somente como exposição e para ser achada – ressalta a consultora, reconhecendo que as empresas devem evitar se basear em “informações simplistas e genéricas” coletadas nas redes sociais, o que pode levar a organização a descartar bons profissionais.
– A sequência do processo, com dinâmicas de grupo, entrevistas e avaliações, não pode faltar. É necessário que haja uma avaliação completa – analisa Gustavo Sá.
Quanto mais alto o cargo, mais importante o LinkedIn
Mais de 90% dos executivos de média e alta gerência usam redes sociais ativamente, segundo pesquisa realizada pela empresa de recrutamento Robert Half. A rede preferida pelos 375 executivos consultados era o LinkedIn, usado por 36% deles.
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– Quanto mais alto o cargo, mais o LinkedIn é usado (na seleção) – revela Renato Fortes, CEO da Kemp Consultoria, especializada no recrutamento de altos executivos.
Segundo Renato, a Kemp não avalia candidatos por meio de redes como o Facebook e o Twitter, mas as mesmas regras de decoro continuam se aplicando:
– Se seleciono para uma empresa de perfil conservador, austero, e o camarada aparece nas mídias sociais de forma inadequada, bêbado em uma foto, ele acaba se depreciando no processo. Ter a cautela adequada ao tipo de trabalho procurado é interessante para a pessoa não ser preterida por qualquer interpretação que possa ser feita – completa Renato.
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