Há um setor da economia capaz de dar lições de sobrevivência no universo da crise. E o principal segredo está em ser, ele mesmo, uma solução para a queda nas vendas de outros setores. Enquanto a economia brasileira caminha para uma retração de quase 1,2% no PIB em 2015, as empresas de tecnologia de Santa Catarina projetam crescer 15% no mesmo ano.

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A estimativa da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) é que o crescimento da área no Estado fique até acima do registrado pelo país em 2015. O faturamento das empresas de SC deverá chegar a R$ 2,9 bilhões.

Mas, para alguns negócios, o incremento de 15% nas receitas é pouco. A Meus Pedidos, de Joinville, por exemplo, projeta crescer 200% neste ano e 500% até 2016. A empresa, que criou um software e um aplicativo de vendas para representantes comerciais, indústrias e distribuidoras, recebeu em março um aporte financeiro de R$ 6 milhões dos fundos de investimentos Monashees Capital, principal fundo para empresas de internet no Brasil, e Qualcomm Ventures, da companhia norte-

americana líder mundial em tecnologia 3G e 4G para celulares.

O CEO da Meus Pedidos, Tiago Brandes, explica que a capitalização servirá para implementar ações de venda do produto. A equipe comercial da empresa, que no início do ano tinha um funcionário, é composta hoje por oito pessoas. Para o executivo, a crise econômica nada mais é que um apelo de venda do software.

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– É justamente nesse momento que as empresas começam a se questionar, a olhar com mais atenção para os processos e a detectar falhas. Muitas ainda gastam bastante dinheiro com catálogo de vendas impresso. E aí enxergam no nosso aplicativo um potencial grande para diminuir custos, levando esse catálogo para a internet, mas também fazendo um controle melhor das vendas e das metas – defende.

Empresa foca nas exportações

Já para a Audaces, de Florianópolis, que desenvolve softwares e equipamentos para a indústria da moda, a projeção de crescimento da empresa de 15% este ano é baseada no aumento das exportações. A marca quer vender 50% a mais para fora do país do que no ano passado.

– A Audaces sempre buscou o mercado externo como estratégia. Mas, em 2014, já prevíamos que o cenário ia ser difícil e não víamos mudanças no país que o tornasse mais competitivo. Por isso resolvemos focar mais ainda nas exportações. Hoje, quase 40% dos nossos clientes são estrangeiros – explica o presidente da empresa, Claudio Grando.

O empresário espera uma adesão maior do mercado externo aos equipamentos produzidos pela empresa, como a máquina de corte de tecido com monitoramento online. E, segundo ele, isto só será possível depois da alta do dólar. Grando explica que, diferente do software, que é composto basicamente de conteúdo intelectual, os equipamentos são encarecidos pelo custo-Brasil.

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