Quem anda distraído pelo Centro de Rio do Sul e vê as ruas centrais em ordem, com canteiros pintados e jardins bem cuidados pode não perceber que há quase dois meses a cidade viveu uma das piores enchentes da história do município.
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Mas um olhar mais atento revela detalhes que evidenciam o drama ainda presente. E não é só no parapeito torto da ponte, nos imóveis vazios de quem ainda não conseguiu voltar para casa ou na imensa montanha de restos de móveis à beira da BR-470 que as consequências da enchente são sentidas.
A economia do município vive um momento de apatia. O Rio Itajaí-Açu ter chegado a 12,95 metros no início de setembro resultou em um prejuízo de R$ 193 milhões nas empresas privadas da indústria, comércio, serviços e agricultura, segundo a prefeitura.
Para avaliar os danos no setor privado a prefeitura disponibilizou um sistema para que as empresas informassem os danos. Foram contatados que 1,2 mil empresas foram afetadas pela enchente, o que representa 42% do total de negócios ativos na cidade. O valor inclui danos materiais, perdas de estoque e o período em que não houve venda ou produção.
Comércio e indústria buscam forças
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Assim como os moradores, o comércio e a indústria ainda buscam forças – e, principalmente, capital – para retomar o crescimento. Com as economias gastas para a recuperação inicial e limpeza, agora a liberação do Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço (FGTS) e financiamentos são esperados com anseio para tirar a economia da região da estagnação causada pela enchente.
O comércio de rua foi o mais prejudicado, já que as vias com a maior concentração de lojas foram inundadas. A estimativa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Rio do Sul é que entre 80 e 85% dos associados tenham sido atingidos diretamente.
– Além de a água ter invadido tudo, a cidade ficou parada por quase 15 dias. Nesse tempo não tivemos venda. Agora esperamos que as pessoas recebam o FGTS para que possam comprar móveis e eletrodomésticos novos, fazendo o dinheiro circular – explica o presidente da CDL de Rio do Sul, Raulino Nicolau da Silva.
Empresas aguardam liberação de crédito do BNDES
A previsão da Caixa começar o cadastramento para liberar o FGTS na segunda-feira passada, mas o prazo foi adiado. A nova data deve ser anunciada essa semana. O banco tem até o dia 12 de dezembro para fazer os pagamentos. Como a cidade está em estado de calamidade, o saque poder ser integral e feito por todos os moradores.
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As empresas atingidas começaram a ter os documentos de acesso ao crédito facilitado só segunda-feira. Agora, a preocupação é quitar os pagamentos de fornecedores, impostos estaduais e notas protestadas que tiveram o prazo de pagamento estendido, mas já estão vencendo.
A linha de crédito para empresas e agricultores com sede em cidades que decretaram calamidade ou emergência foi oficialmente liberado só quinta-feira passada. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) colocou R$ 800 milhões à disposição para todo o país.
Agora, ainda é preciso esperar os trâmites burocráticos e a aprovação do crédito para ver o dinheiro cair na conta, o que não tem data certa para ocorrer. A demora na liberação angustiou quem depende do dinheiro para tocar o negócio.