Duas equipes do Procon de Santa Catarina estão indo às empresas de transporte público da Grande Florianópolis, na tarde desta terça-feira, para aplicar autos de infração. De acordo a diretora estadual do Procon, Elizabete Fernandes, as empresas serão autuadas por interromperem um serviço de utilidade pública e contínuo. O serviço está interrompido desde a 0h de segunda-feira.

Continua depois da publicidade

Os autos podem gerar multa de até R$ 6 milhões dependendo do faturamento da empresa. As empresas terão 10 dias para apresentarem uma defesa.

Além de multar as empresas, o Procon irá notificá-las de que devem retomar o atendimento à população em até 12 horas. Caso isso não aconteça, a empresa pode perder a concessão do serviço público.

Segundo Elizabete, apesar de o comprometimento do serviço se dá pela paralisação dos funcionários, é de responsabilidade da empresa, enquanto detentora da concessão, garantir que ele seja executado.

Continua depois da publicidade

O que diz a lei sobre a frota mínima em Santa Catarina?

A lei de greve nº 7.783 coloca o transporte público como um serviço essencial. Neste caso, deve ser mantida uma parcela mínima do serviço, que atenda à população. Por ser um critério subjetivo, quem fixa essa porcentagem é o Tribunal Regional do Trabalho, após solicitação do Ministério Público do Trabalho. De acordo com a professora de Direito do Trabalho da Univali e advogada trabalhista Dirajaia Esse Pruner, a parcela, em caso de greve de ônibus, costuma ser de, no mínimo, 30% da frota.

O que acontece quando não é cumprido um serviço básico?

O Ministério Público do Trabalho pode entrar com uma ação, junto ao Tribunal, pedindo por esta fixação da frota. O Tribunal avalia o caso e pode estipular a porcentagem. Se essa frota mínima não for comprida, pode haver penalidades, que podem ir desde a multas para o sindicato até o desconto aos trabalhadores por cada dia de paralisação.

A greve é legal?

A professora Dirajaia confirma que a greve é um direito do trabalhador, desde que sejam atendidos requisitos básicos.

Continua depois da publicidade

Se o funcionário não conseguir chegar ao trabalho em função da greve, ele pode ter o dia descontado?

A lei não coloca a greve de ônibus como uma justificativa de falta, ou seja, o dia não trabalhado poderá ser descontado. Mas, por questão social, os empregadores acabam entrando em acordo com seus funcionários, disponibilizando, inclusive, formas alternativas de transporte.

Quanto é o salário dos motoristas e dos cobradores hoje?

Hoje, os motoristas ganham R$ 1.517 e cobradores, 60% desse valor.

A tarifa vai aumentar na Grande Florianópolis?

O vice-prefeito e secretário municipal de Transportes, Mobilidade e Terminais, João Batista Nunes garante que essa hipótese está descartada. Segundo ele, as reivindicações dos trabalhadores deverão ser feitas com o intermédio do Ministério Público do Trabalho e de maneira a não onerar mais a população.

Caso a jornada de trabalho fosse reduzida, quantos trabalhadores a mais seriam necessários?

Segundo o vice-prefeito, seriam necessários mais 127 motoristas e 117 cobradores de ônibus.

Segunda-feira foi complicada sem ônibus na Grande Florianópolis

O que querem os trabalhadores

::: Aumento salarial com base no INPC e mais 5%.

::: Redução da jornada de trabalho de 6h40min para 6h, sem redução salarial.

O que diz o Setuf

::: A diminuição da carga horária é inviável, pois exigiria a contratação de mais funcionários, e as empresas não podem arcar com o custo, que teria impacto no preço da passagem.

Continua depois da publicidade

::: A prefeitura já sinalizou que não vai mais autorizar aumento de tarifa.