As empresas de material esportivo disputam uma Copa do Mundo à parte enquanto as seleções jogam na África do Sul. na verdade, essa competição começa bem antes: há pesado investimento em pesquisa e inovação para camisetas, chuteiras, bola e outros materiais. Por um motivo simples: não há melhor hora e local para se mostrar ao consumidor.
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– A Copa do Mundo é o momento de de exibir o que há de novo, quais são as tendências da moda. Para os fornecedores de material esportivo, não há data mais importante – diz o professor da ESPM e especialista em marketing esportivo Fernando Trein.
É um mercado de US$ 10,8 bilhões anuais o movimentado pelos artigos de futebol, segundo a consultoria NPD. Em ano de Copa, a venda de camisetas de seleções cresce acima dos 30%. Por isso, gigantes como Adidas, Puma (ambas da Alemanha) e Nike (dos EUA) se digladiam por contratos milionários com confederações e jogadores: o investimento volta multiplicado em lucros nas lojas. As estratégias são variadas – em 2006, por exemplo, a Puma apostou firme em seleções africanas, por dois motivos. O primeiro era econômico: a Copa seguinte seria na África, então era um jeito de se mostrar para um mercado novo. O segundo era estético: como os africanos gostam de cores vibrantes, era um jeito de a empresa se destacar entre as outras.
– A Itália não foi procurada só por ser uma seleção de ponta, mas também porque tem uma cultura que preza o estilo – diz Trein.
Para os jogadores, há um leque de possibilidades na hora de vestir a camiseta. Tanto Adidas quanto Nike permitem que cada jogador escolha entre dois tipos de camisetas oficiais – uma mais justa e outra mais folgada. O modelo “apertadinho” da Adidas, por exemplo, concentra a energia dos músculos para aumentar a explosão, reduzir a vibração muscular e melhorar a postura do jogador. É o que garante a empresa, com números: o conjunto completo aumentaria a altura do salto em 4% e o velocidade na corrida em 1,1%, além de reduzir o peso em 40%.
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Já as camisetas da Nike, usadas pela Seleção Brasileira e outras oito equipes, tiveram um corte de 13% no peso em relação à linha anterior. Zonas de ventilação nas laterais e abaixo da linha da cintura dos calções – 200 pequenos buracos cortados a laser – aumentariam o fluxo de ar em 7%. A malha dupla da camisa tem 10% mais elasticidade. E agride menos o meio ambiente: na fabricação de cada uma, a Nike usa oito garrafas PET recicladas, de onde retira o poliéster utilizado em sua confecção.
Os números e a pesquisa envolvida no assunto lembram outro esporte no qual a roupa causa polêmica até hoje – lembram dos supermaiôs da natação, proibidos a partir deste ano. No futebol, porém, a briga tecnológica é apenas um tempero: na hora de marcar Messi, 7% a mais de ventilação não farão grande diferença.
A supercâmera lenta
Tradicional palco de grandes provas de fogo para novas tecnologias de televisão – transmissão via satélite, a cores, em alta definição -, a Copa este ano está mais perto do que nunca esteve. O recurso de supercâmera lenta vem impressionando pela capacidade de reconstituir os lances passo a passo. Enquanto uma uma câmera normal grava entre 24 e 30 quadros por segundo, uma câmera de alta velocidade capta 2,7 mil quadros por segundo.
Das 32 câmeras nos estádios, seis dispõem dessa tecnologia e outras duas são do tipo ultra motion, especializadas em capturar detalhes com alta precisão. Há também câmeras penduradas em cabos, voando sobre o campo, e microcâmeras instaladas nas goleiras.
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O show de imagens muda a experiência de ver os jogos. Uma falta dura parece bem mais violenta ao ser vista em supercâmera lenta e em alta definição, alertava ontem o ex-árbitro gaúcho Renato Marsiglia ao comentar Grécia 2×1 Nigéria.
TV sem vuvuzela
Um canal francês de TV a cabo oferece transmissões dos jogos da Copa do Mundo sem o ruído das vuvuzelas, utilizando uma tecnologia que separa as frequências para bloquear o som das cornetas que dominam todos os estádios. O Canal+ TV disse que o sistema foi testado pela primeira vez na terça-feira. Cyrille Linett, chefe de esportes do canal, indicou que o som ficou “quase perfeito” ontem, na goleada da Argentina sobre a Coreia do Sul. A tecnologia, baseada na separação de frequências, reduz o som das vuvuzelas e permite que se escute os ruídos do público e as vozes dos comentaristas. Ela foi desenvolvida pela Audionamix, que trabalha na indústria de efeitos sonoros para o cinema. Perguntinha: quando chegará ao Brasil?
Em pé de guerra
Adidas e Nike, as duas gigantes do mercado esportivo, estão lançando na Copa novos modelos de chuteiras. Confira algumas das novidades nos pés de quem corre pelos gramados sul-africanos:
NIKE
Reunidas em uma família chamada Elite Series, as principais linhas de chuteiras da Nike foram remodeladas para o Mundial. São usadas por 14 dos 23 jogadores da Seleção Brasileira, como Robinho, Maicon, Luis Fabiano e Nilmar.
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– Formas imitam o formato do pé (não é preciso “amaciar” a chuteira)
– Palmilha leve e perfurada para amortecer impacto
– Lateral reforçada com enchimento, para melhorar o passe
– Travas desenhadas para aumentar a firmeza ao dar um corte em alguma direção
– Fibra de carbono na sola reduz o peso em até 20%
– Tração na ponta dos pés para aumentar a explosão na hora de um pique
ADIDAS
Tem três linhas principais. Criou modelos personalizados para Kaká (adiPURE III) e Messi (adiZero). Também calça Michel Bastos, Lúcio e Grafite
– Cadarços assimétricos tentam acompanhar a forma do pé. A superfície da área de chute fica mais uniforme e aumenta a precisão
– Solado distribui melhor a pressão do corpo sobre as travas
– Palmilha removível em adiprene reduz a pressão sobre o solado e aumenta o amortecimento
– Na frente da chuteira, a flexão é menor. Mais energia é transferida para a bola, aumentando a potência do chute em 7%
– O peso foi reduzido ao máximo em um dos modelos: o F50 adiZero, usado por Messi, pesa apenas 165 gramas
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