Flexibilidade e empreendedorismo são duas características entre múltiplos atributos que um gestor deve comprovar quando recrutado. As empresas não podem se dar ao luxo de errar na contratação de novos líderes, principalmente numa época de tanta competição e de desafios para se manterem eficientes e rentáveis. Lenir Nunes, consultora e profissional de recursos humanos, com 15 anos de vivência em aconselhamento de carreira executiva, fala sobre como o cenário econômico afeta a atividade gerencial e a natureza do gene conservador das empresas de Joinville.
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– Diferentemente do que ocorria há tempos, as empresas joinvilenses não tiram mais profissionais umas das outras. Ao menos, não nos escalões superiores da hierarquia. Nos de média gestão para baixo ainda pode acontecer, sim – diz.
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– O cenário dos negócios neste ano é de mais desafios para as empresas. Neste momento, é imprescindível que o executivo tenha uma visão empreendedora, com um olhar sistêmico da organização. Ele tem de ver o que acontece em áreas internas distintas, como produto, vendas e pessoas. Ainda é relevante demonstrar habilidades comportamentais. O gestor somente voltado a processos está perdendo espaço. Aquele que tem o perfil inacessível não tem mais lugar nas organizações contemporâneas.
Confiança
– O trabalho de uma consultoria passa, necessariamente, pela confiança entre as partes. O público executivo local é fiel às consultorias que contrata. Os consultores que conhecem a realidade da cidade mais de perto têm maior chance de aconselhar com mais eficácia. O nosso trabalho segue em bom ritmo neste começo de ano. O fato: Joinville não tem a cultura do Carnaval e, por isso, as coisas começam a acontecer a partir de janeiro.
Cultura
-A cultura conservadora das nossas empresas é contrária a mudanças abruptas. O conservadorismo se mostra na forma como as companhias encaminham as transformações que um executivo faz: as mudanças são determinadas pelo modo de ser dessa ou de empresa. As companhias locais, quando recrutam um executivo para alterar status quo, querem uma pessoa agressiva, mas não um “trator”, que desconstrua de uma hora para outra o já existente. Aqui em Joinville, os movimentos têm de ser homeopáticos. Quem chega deve ter tato, conhecer o ambiente antes de mexer nele. É diferente de São Paulo, onde a mudança é mais imediata e, por vezes, muito agressiva. A questão é que quando um profissional novo chega e faz intervenções drásticas, e depois vai embora, o problema fica para quem terá de dar continuidade à gestão.
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Mais ação
– As mexidas em cargos executivos de alta gerência e diretorias serão em menor quantidade neste ano e as oportunidades, mais direcionadas. Outro fato já percebido é o de que os salários e ganhos vão ser achatados, como efeito natural da crise. Quem for recrutado precisa estar preparado para agir imediatamente. As empresas não têm mais tempo para trazer um executivo não pronto. A pessoa contratada tem a obrigação de “varrer” rapidamente. O que se requer é um profissional com competências e compreensão bem abrangente sobre várias áreas. O mercado demanda por perfis flexíveis, com olhar expressivo para o médio prazo.
Leitura
– A consultoria precisa saber ler cenários para compreender o que tende a vir. Obriga-se a enxergar adiante e, assim, conseguir sintonizar-se com os acontecimentos e tendências para orientar adequadamente a empresa ou o executivo que solicitar o serviço.
Governos
– O relacionamento dos executivos com os governos e instituições públicas ocorre no período em que há a necessidade de a companhia se estabelecer na cidade. Depois, estes contatos ganham outra forma. Aí aparecem as entidades de classe. Nelas estão as informações e é de lá que se faz a intermediação dos interesses. Elas reúnem as mais importantes companhias do município. Não estar dentro delas é deixar de ganhar. São decisivas em Joinville.
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