Você é daqueles que esperam o ano inteiro para se deliciar com aquela saborosa batata recheada das festas de outubro? Se sim, está no grupo que os jovens empresários de Jaraguá do Sul Thiago Roger Machado e João Paulo Alves classificaram, há pouco mais de dois anos, como público-alvo para o negócio que abriram em sociedade.
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O sucesso da Voitila Comércio de Alimentos, que produz batata recheada, panquecas e strudel congelados, reflete o índice positivo que micro e pequenas empresas de Jaraguá do Sul conquistaram em um estudo divulgado recentemente pelo Sebrae.
O levantamento, denominado ‘Sobrevivência das Empresas’, aponta que, a cada 100 empresas criadas em Santa Catarina, 76 sobrevivem aos dois primeiros anos de vida – período considerado o mais crítico pela instituição, em função das dificuldades para consolidar o negócio. Em Jaraguá, no entanto, este índice sobe para 83 – a melhor taxa do Estado e uma das maiores do Brasil. A média nacional é de 75,6.
Empreendedor está mais capacitado
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O coordenador do Sebrae na região Norte, Jaime Dias Junior, acredita que vários fatores influenciam no resultado positivo obtido pelo município. Entre eles, destaca o fortalecimento do mercado, a legislação favorável aos pequenos negócios e a profissionalização continuada.
– É importante evidenciar que o empreendedor, hoje, está mais capacitado e possui acesso facilitado a informações.
Já para o secretário de Desenvolvimento Econômico de Jaraguá do Sul, Benyamin Fard, o fato de a cidade ter a indústria na sua base econômica pode explicar o alto índice da pesquisa.
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– A indústria de ponta exige de seus fornecedores um padrão similar. Dessa forma, os empreendimentos que nasceram para fornecer para essas indústrias se ajustam ao exigente padrão.
O pensamento da presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedor Individual do Vale do Itapocu (Apevi), Leonir Zacarias de Souza, segue na mesma linha.
Ela acredita que as grandes empresas possuem uma exigência maior quanto aos recursos utilizados. Assim, por serem frequentemente clientes dos micro e pequenos negócios, fazem com que essa característica seja incorporada pelas empresas menores, o que impacta na qualidade de produtos e processos.
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Segundo Leonir, é também perceptível a preocupação com a busca de diferenciais inovadores.
Questão de planejamento
A ideia de Thiago e João – que partiu de uma oportunidade de mercado percebida nas inúmeras conversas durante os intervalos de aula da faculdade de engenharia de produção, que eles ainda cursam no Centro Universitário Católica de Santa Catarina – dificilmente sairia do papel de forma sustentável se os jovens não tivessem se dedicado a planejar cada detalhe do empreendimento.
– O plano de negócios é peça fundamental para a empresa e foi o nosso primeiro passo. A partir dele, pudemos avaliar se a ideia seria lucrativa e se conseguiríamos nos manter nesta atividade. Pensar estrategicamente, portanto, é primordial – ensina Thiago.
Para garantir a atualidade do plano, os sócios refizeram o documento em junho – quando completaram um ano de fundação oficial da empresa e dois, na prática, de funcionamento -, considerando o cenário econômico do momento.
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A falta de pensamento estruturado a longo prazo, em conjunto com propaganda ineficiente e enganosa do negócio, formação inadequada de preços e informação de mercado e logística deficiente, é apontada pelo Sebrae como a principal causa do fechamento de empresas antes dos dois primeiros anos de fundação.
No entanto, a atitude dos proprietários da Voitila, para a presidente da Apevi, Leonir Zacarias de Souza, vai ao encontro ao perfil da classe em Jaraguá.
– Via de regra, o empreendedor da região utiliza adequadamente todos os recursos de que dispõe, mesmo que com baixo capital financeiro, e isso acaba ajudando na sustentabilidade do negócio – avalia a dirigente.
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Burocracia desafiadora
A burocracia tende a ser um dos fatores que contribuem para o fechamento precoce das empresas ou atrasar a abertura delas.
Pensando nisso, a Prefeitura de Jaraguá, em conjunto com entidades empresariais, criou o Grupo de Aceleração do Processo de Abertura de Empresas. Os integrantes apresentaram, na segunda quinzena de julho, 11 medidas para agilizar os processos de abertura de empreendimentos na cidade.
Em 2012, 61% dos processos de abertura de empresa levaram mais de 30 dias para serem concluídos. Agora, o objetivo principal do grupo é reduzir esse prazo para 48 horas.
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Entre as propostas da equipe de trabalho, Benyamin destaca, ainda, outras duas: a Incubadora do Empreendedor Individual – que deve ser inaugurada até o final de setembro e prevê um endereço fiscal e escritório virtual para o atendimento de empreendimentos de baixo risco – e o Centro Integrado de Apoio ao Empreendedor, com a finalidade de centralizar as informações sobre o processo de abertura de empresas.
– Na prática, visamos à redução da burocracia, à simplificação dos processos e à regulamentação da Lei do Cadastro Imobiliário, entre outras medidas – exemplifica o secretário.
Confira 10 dicas para aumentar as chances de sobrevivência da sua empresa:
1. Planeje-se sempre;
2. Respeite sua capacidade financeira;
3. Não misture as finanças da empresa com as pessoais;
4. Fique de olho na concorrência;
5. Prospecte novos fornecedores;
6. Tenha controle do seu estoque;
7. Marketing não se resume a anúncio: invista em outras estratégias;
8. Inove, mesmo que seja um produto/serviço de sucesso;
9. Invista sempre na formação empresarial;
10. Seja fiel aos seus valores e aos do seu negócio.
Principais motivos para o fechamento precoce das empresas:
– Propaganda inadequada;
– Formação inadequada de preços;
– Informação de mercado e logística deficiente.