O Zoológico de Pomerode é ponto de parada para mais de 20 mil visitantes por mês. Há mais de 80 anos, faz parte da rota de passeios catarinense e há dez anos iniciou uma parceria com empresas. No Projeto Arca de Noé, as empresas “adotam” os animais do parque e divulgam suas logomarcas com placas de identificação ou educativas espalhadas pelos 35 mil metros quadrados do zoo.
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A maioria das empresas que participam do projeto é de Pomerode. Entretanto, Jaraguá do Sul também entrou nesta parceria pelo meio ambiente com quatro estabelecimentos. A primeira empresa foi a Chocoleite, em 2007, que contribui mensalmente e preferiu placas socioeducativas em vez de adotar um animal, segundo a bióloga do zoo, Priscila Weber Maciel.
– O valor pago por mês não cobre os gastos totais dos animais, mas foi a forma de conseguirmos parcerias com as empresas e de termos um valor além da entrada do zoológico, que é o que mantém o parque – explica
Os animais preferidos dos adotantes são os mamíferos. Em abril, mais um estabelecimento jaraguaenses o Saint Sebastian Hotel, entrou no projeto adotando a lontra Valentina, de um ano e meio. Segundo a gerente comercial do hotel, Cristini Menezes, a empresa buscava um trabalho de sustentabilidade e descobriu na cidade vizinha o que desejava.
– Durante a busca por um projeto sustentável, descobrimos o zoo e colocamos a nossa marca na placa da lontra para conscientizar as pessoas – revela Cristini.
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Outras empresas buscam animais não tão fofinhos assim, como foi o caso da ADV Comércio e Distribuição, de Jaraguá do Sul. O gerente de marketing, Marcos Gelbhardp, explica que escolhida a serpente píton, da Ásia, por chamar a atenção dos visitantes.
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Ele destaca que o animal ficou entre os mais vistos por três meses por ser uma serpente com mais de seis metros e bem pesada. Em Joinville, duas empresas também aderiram ao projeto. A Ciaplastic, que adotou o viveiro dos mico-leão-da-cara-dourada, e a Copapel, escolheu o papagaio papa-cacau.
– A escolha do mascote foi motivada pela cor verde (a cor da Copapel). Esta ave também é uma espécie bastante inteligente, característica que ajudou na escolha – revela o gerente de marketing, Henrique Budal Arins.
Uma rotina pesada de 24 horas
O trabalho do Zoológico de Pomerode é durante 24 horas, por isso uma equipe de 28 funcionários dedicados apenas aos animais se reveza em escalas de 12 horas trabalhando e 36 horas de folga.
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– Não tem feriado, tempo ruim, nem chuva. Cuidamos diariamente dos animais em relação à alimentação, ao viveiro e à saúde – explica o biólogo responsável pelo zoológico de Pomerode, Cláudio Maas.
Um exemplo foi o trabalho que exigiu a pequena lontra Valentina. Ela foi encaminhada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) após perder a mãe quando tinha dois meses de vida. Os funcionários faziam revezamento para amamentá-la a cada duas horas, conta Maas.
– Eles são animais sob cuidados humanos e não em cativeiro porque buscamos manter a alimentação e hábitos mais próximos ao natural – explica.
Por dia, o zoológico consome uma tonelada de alimentos que incluem carne, rações, frutas e legumes. Há animais que consomem apenas 20 quilos, já outros 200 quilos, como as elefantas. Maas afirma que os produtos poderiam ser consumidos por humanos, pois são escolhidos alimentos com alta qualidade. O biólogo revela que são gastos mais de R$ 150 mil por mês. Maas conta que cada animal tem sua dieta específica, o que aumenta o custo.
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– A alimentação é apenas uma parte. O zoo tem gastos com mão de obra, manutenção dos ambientes, água e energia e remédios para os animais – salienta.
Missão vai além de abrigar os bichos
Muitas pessoas acreditam que a função de um zoológico é apenas expor animais de diversas espécies, mas vai além disso. O biólogo responsável pelo Zoológico de Pomerode, Cláudio Maas, afirma que a educação ambiental e a preservação da fauna são as principais diretrizes dos zoológicos e aquários espalhados pelo mundo.
– Os zoológicos e os aquários são os principais investidores em conservação ambiental. Por ano, estas instituições investem US$ 3,5 milhões – afirma Maas.
Hoje é muito difícil dizer que um animal não é ameaçado de extinção, defende o biólogo. Segundo ele, a degradação do meio ambiente e a caça dos animais são os principais fatores para o sumiço de espécies.
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– Os animais que chegam ao zoológico são apreendidos em contrabandos e falta de documentação legal. Um exemplo é a píton, adotada pela ADV, que o antigo dono não tinha a documentação de origem da serpente.
O Zoológico de Pomerode tem uma parceria com o Comitê Internacional de Proteção e Conservação de Biodiversidade, que faz recomendações de idade e distribuição dos animais para que as populações em viveiros também sejam controladas.
– Graças ao comitê, a população do mico-leão-dourado que era de 200, passou para 2 mil porque os parques puderam devolver os macacos para seus ambientes de origem do Rio de Janeiro ao Espírito Santo – revela.
O dinheiro da entrada é uma forma de manter o parque e de manter as espécies a salvo da degradação humana, acredita Maas.
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