Com um discurso baseado na gestão e na experiência da iniciativa privada, um grupo de empresários catarinenses quer tentar se aventurar na administração pública. Em algumas das maiores cidades do Estado, há partidos apostando em candidaturas com perfil parecido: empresários sem experiência política anterior.

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No Norte do Estado, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) vem trabalhando para viabilizar candidaturas casadas nas duas maiores cidades da região. Se em Joinville a aposta é Udo Döhler, empresário do ramo têxtil e presidente da Associação Empresarial de Joinville (Acij), em Jaraguá do Sul o nome é o de Antídio Lunelli, também ligado à indústria têxtil.

A estratégia de LHS passa por convencer os eleitores de que Döhler e Lunelli podem “formar um eixo de gestão moderna”. Ainda dentro do PMDB, outra candidatura com este perfil pode se concretizar em Palhoça, na Grande Florianópolis, onde o pré-candidato do partido é empresário Lúcio Matos, do Supermercados Rosa. Para o presidente estadual do PMDB, Eduardo Pinho Moreira, a candidatura de uma pessoa vinda da iniciativa privada acaba tendo maior apelo em municípios que apresentam problemas de gestão.

No caso de Joinville e Jaraguá do Sul, a escolha ainda se justificaria pelo perfil das cidades, muito ligado ao setor industrial.

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-Ser empresário não é a condição única, mas em cidades como Joinville, onde o prefeito Carlito Merss (PT) sofreu um desgaste importante, o perfil político acaba perdendo um pouco o brilho para um perfil de gestão – afirma o vice-governador.

O DEM também tem empresários na cota de pré-candidaturas. Em Florianópolis, o partido lançou o nome do presidente da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis, Doreni Caramori, e em São José, o de Mário Marcondes. Os dois jovens empresários foram recrutados e nomeados presidentes municipais para tentar reconstruir o partido nestas duas cidades.

Após perder suas principais lideranças, que migraram para fundar o PSD, o DEM vem buscando se reerguer. O presidente estadual da sigla, Paulo Gouveia, afirma que no caso das duas maiores cidades da Grande Florianópolis, o partido percebeu um desgaste das lideranças locais e, ao mesmo tempo, acabou recebendo um grande número de filiações de jovens empreendedores.

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– Acho que estas pessoas podem contribuir, principalmente, com a racionalidade administrativa e trazer novos métodos de gestão. Além disso, acreditamos que eles têm maior facilidade e disposição para fazer parcerias com a iniciativa privada em áreas em que o poder público não consegue avançar – avalia Gouveia.

O novato PSD é outro que pode apostar em uma candidatura nesta mesma linha em Rio do Sul. O presidente municipal, o prefeito Milton Hobus, já manifestou que o partido quer ter um candidato com “perfil empreendedor”.

O nome mais forte é o do empresário Osni Sens, que substituiu Hobus na direção da Associação Empresarial de Rio do Sul (Acirs) e do Hospital Regional Alto Vale. Mas, se por um lado os empresários têm ao seu favor o discurso da gestão e da busca por eficiência no serviço público, por outro, também precisam obter sustentação política para conseguir governar.

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Por isso, uma dificuldade poderia ser a falta de “jogo de cintura”, além da impaciência, já que na gestão pública os projetos não avançam na mesma velocidade da gestão privada.