Se alguém ainda tinha dúvida de que os atentados a ônibus em Florianópolis significaram bem mais do que os horários reduzidos do transporte público, precisa saber que lojas, bares e restaurantes estimam perdas de R$ 200 milhões. Os empresários relataram queda no movimento e aumento de custos com o transporte extra de funcionários.

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Fabio Queiroz, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Santa Catarina (Abrasel-SC) estima que, desde o começo da segunda onda de atentados, os estabelecimentos tenham registrado uma queda de 15% no faturamento. A primeira fase dos ataques, em novembro, trouxe perdas entre 5% e 7% deste indicador.

Este impacto representa apenas a queda no faturamento das empresas. Fica de fora da conta o aumento dos custos que os estabelecimentos de Florianópolis tiveram com o problema da falta de ônibus, mais difícil de mensurar, de acordo com Queiroz.

Padarias e cafés, que esticavam seus horários até mais tarde, até quando durasse o movimento, tiveram que começar a fechar mais cedo, se quisessem que a sua equipe conseguisse pegar os últimos ônibus. Um exemplo é a padaria Pró-Pão, na Lagoa da Conceição, que durante duas semanas fechou uma ou duas horas mais cedo. Até o Bob’s da Rua Trajano, no Centro, teve que fechar meia hora antes do horário normal.

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Transporte extra custa R$ 4,5 mil por semana

Evandro Santos, dono de duas cervejarias Original, uma em São José e outra na Capital, e do bar Duun, no Santa Mônica, afirma que, além da queda em torno de 20% no faturamento de cada casa, os atentados aumentaram as suas despesas. Ele está gastando, por semana, cerca de R$ 4,5 mil no transporte dos funcionários.

Joinville registrou 15 atentados a ônibus em fevereiro. Bernardo Kuerten, presidente do Sindicato de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares da cidade, afirma que os únicos gastos dos empresários estão sendo com segurança. O mesmo quadro é visto nas demais cidades que sofreram atentados e que não tiveram o serviço de ônibus suspenso.

Atentados afetam em cheio lojistas

O comércio de Florianópolis vendeu 21% menos em fevereiro do que no mês passado. Em janeiro, o varejo havia registrado 3% de crescimento e a queda abrupta que se seguiu coincidiu com a nova onda de atentados.

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Para Sergio Medeiros, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL-SC), não há outra razão que explique o resultado negativo senão a dos ataques. De acordo com a FCDL, o comércio da Capital deixou de ganhar R$ 190 milhões este mês.

– As implicações dos atentados são enormes. Como não tem ônibus à noite e até porque estão com medo, as pessoas vão para casa mais cedo. O empresário muitas vezes tem que trabalhar com uma equipe desfalcada e pagar o transporte dos funcionários – explica Medeiros.

A Fecomércio-SC divulgou uma pesquisa com estabelecimentos de cinco cidades atingidas pela violência: Florianópolis, Joinville, Balneário Camboriú, Itajaí e Chapecó. Das 116 lojas consultadas nestes municípios, 39% tiveram queda no faturamento em fevereiro. Este número sobe para 63% na Capital. As associações que representam os hotéis e as indústrias em SC afirmaram que não contabilizaram perdas causadas pelos atentados.

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