Empresários e entidades trabalhistas têm posições exatamente opostas quanto ao resultado do julgamento do processo de impeachment. Os movimentos sociais, apesar de admitirem certo distanciamento da ex-presidente Dilma Rousseff dos mesmos ao longo do seu mandato, eram contrários ao afastamento. O temor é que haja corte de direitos trabalhistas conquistados há décadas.

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– Quando a economia melhorar, vai melhorar para os empresários, ao custo do corte de políticas públicas e conquistas sociais. Quem vai pagar o pato é o povo. Para nós, o que houve concretiza um golpe de 61 senadores contra 54,5 milhões de votos – disse a presidente da Central Única de Trabalhadores (CUT) em SC, Ana Júlia Rodrigues.

Para o sargento Amauri Soares, da Frente Povo Sem Medo em SC, o posicionamento da ex-presidente no julgamento foi digno e deve ajudar a dar fôlego aos próximos passos.

– Nosso trabalho daqui para a frente será seguir lutando pelos direitos dos trabalhadores, que é o que está em cheque. Vamos continuar mobilizando e conscientizando todos, inclusive quem se posicionou a favor do impeachment – afirmou Soares.

Já as entidades empresariais aguardavam ansiosas a aprovação do impeachment. Para o empresariado brasileiro, de forma geral, era necessário se livrar da condição de interinidade para ter novamente um ambiente econômico favorável. Eles aguardam, contudo, a tomada de decisões importantes por parte do novo governo.

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– Como manifestado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e pelas federações industriais recentemente, a retomada do desenvolvimento depende da valorização do setor privado, das reformas previdenciária, tributária e administrativa, da recomposição das contas públicas (incluindo o teto para as despesas do setor público), da modernização das leis trabalhistas e da revisão dos marcos regulatórios. – disse Glauco José Côrte, presidente da Federação das Indústrias de SC (Fiesc).

A Fecomércio em Santa Catarina também vê como positivo o resultado. Para a entidade, que se posicionou por meio de nota em seu site, as indefinições políticas que marcaram o primeiro semestre contribuíram para aprofundar a retração ao postergar decisões de investimento.

– Com o desfecho do processo de impeachment, o novo governo tem a possibilidade de resolver a crise política, no entanto ainda enfrenta a imprevisibilidade do avanço da Operação Lava Jato que atinge políticos de todos os partidos. É fundamental que as investigações avancem sem qualquer interferência referente ao processo de impeachment, e que o novo momento que naturalmente o Brasil passará nos próximos meses seja baseado na ética, transparência e espírito público – diz a nota.

A federação também ressalta que houve ganhos no governo interino, como a PEC que limita o teto do gasto aos limites da inflação e a pré-disposição de corrigir as distorções previdenciárias. Contudo, considera que houve sinais posteriores de “frouxidão fiscal”, como no caso da renegociação da dívida dos Estados.

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