Enquanto a economia de Santa Catarina dá os primeiros passos em direção à recuperação, um sinal fica cada vez mais claro: os hábitos de consumo não serão mais os mesmos depois da pandemia.
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– Certamente a nossa economia vai ser muito diferente depois disso. Os hábitos mudam, as necessidades são diferentes, as pessoas vão valorizar mais o cuidado pessoal, a saúde, valorizar o espaço. A implantação da digitalização provoca o home office, alivia o trânsito… há uma mudança significativa no pós-pandemia – diz o presidente da Fiesc, Mário Cezar de Aguiar.
E as mudanças já forçaram a reinvenção de muitas marcas durante a crise, especialmente na modernização dos processos e a abertura para os canais digitais. Um exemplo é da fábrica de licores Schluck, em Blumenau, no Vale do Itajaí. Empresa tradicional e familiar, gerida atualmente pela terceira geração da familia Manzke, trabalha no comércio da região da Vila Itoupava desde 1945, e na pandemia encontraram o momento para modernizar a venda.
Conservadora, a empresa sempre manteve a produção de licores voltados para o varejo, vendendo em lojas e mercados da região Sul do Brasil. A ideia de passar a vender pela internet existia, mas era sempre deixada de lado, até que em março a necessidade fez a ideia sair do papel e, em menos de dois meses depois, o site estava no ar para a marca vender os licores diretamente aos consumidores.
– Com a pandemia a gente se sentiu na obrigação de gerar essa atualização para a empresa. A gente correu atrás para fazer o e-commerce. Ainda não é uma venda expressiva, é um mercado que exige tempo para construir a marca, mas a gente acredita que vai ter um potencial bem expressivo – destaca o diretor de desenvolvimento da empresa, Marcos Mizoguchi.
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Com o e-commerce, a marca espera também atingir outros mercados dentro do país, crescendo além do Sul e de São Paulo com a venda direta. Assim, a empresa tradicional precisou adaptar e modernizar outros processos internos:
– A gente teve que mudar bastante coisa, mudou o atendimento porque o e-commerce necessita de uma ferramenta de atendimento. Mudou toda a parte de logística que era totalmente voltada ao varejo, e teve que adaptar a comunicação com o cliente final.
“A gente teve que investir para diminuir a operação”, diz empresária

Poucos setores foram tão afetados pela crise como o de bares e restaurantes, que se viram obrigados a fechar as portas e, mesmo depois da reabertura, mantêm um movimento muito distante do habitual. Nesse cenário, malabarismos nas finanças foram necessários para quem quis se manter na ativa.
Proprietária do restaurante italiano Tratto, no bairro Itacorubi, em Florianópolis, Lígia Siqueira Tavares conta que foi um “choque de realidade”. O estabelecimento precisou ficar fechado por quatro meses, e sem conseguir atender no delivery por ser um restaurante de buffet à quilo, não tinha operação pronta para entregas.
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E a parada por causa da pandemia veio exatamente no momento de expansão do restaurante. Duas novas salas tinham sido alugadas no ano passado e o espaço iria crescer. A cozinha já estava funcionando nas salas novas e o espaço das mesas seria o próximo a aumentar, mas nada disso foi possível.
– A gente se retraiu completamente, e decidimos devolver essas duas salas. Toda a cozinha, estoque, foi para o restaurante na sala única. A gente teve que reformar tudo, investir um dinheiro para diminuir a operação.
As mudanças foram necessárias para manter a operação viável sem demitir os funcionários:
– Foi uma decisão que nos custou caro, mas prezo pela responsabilidade. Pelo menos 13 famílias dependiam do restaurante – diz a empresária.
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Localizado em uma região com muitas empresas de tecnologia nos arredores, o restaurante também acabou impactado pelo home office. Agora, Lígia trabalha para adaptar o atendimento ao novo cenário. Entrega marmitas e pratos congelados, e nas próximas semanas deve lançar o delivery focado nos clientes das empresas que estão trabalhando de casa – visto que o setor de tecnologia deve aderir ao trabalho remoto com mais frequência mesmo depois da pandemia.
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– A gente está fazendo a nossa estratégia, tenho consciência de que vamos ter um produto diferente – afirma.