Lideranças de setores produtivos de Santa Catarina estiveram reunidas nesta sexta-feira com o governador Eduardo Pinho Moreira (MDB) para apontar perdas durante os 10 dias de bloqueios nas estradas, além de formalizar apelos por subsídios e linhas de créditos.

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Enquanto as indústrias catarinenses estimam prejuízos na casa de R$ 1,67 bilhão, o setor de comércio e serviços calcula um déficit de faturamento de R$ 350 milhões. A agropecuária do Estado, conforme estimativa do próprio governo, prevê até R$ 500 milhões em perdas.

Empresários pediram que o governo reforce negociações junto ao BNDES, BRDE e Badesc para facilitar financiamentos que fortaleçam o capital de giro comprometido. Há preocupação em todos os segmentos que a demora na recuperação econômica resulte em demissões.

—Precisamos de facilidade na obtenção de créditos. O governo pode ajudar no sentido de facilitar o acesso. Não tendo faturamento, as empresas não têm liquidez — indica o presidente da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Glauco José Côrte.

Como as empresas devem priorizar o pagamento das folhas salariais em relação aos tributos, outro apelo conjunto do setor produtivo foi pelo parcelamento do recolhimento de ICMS relativo ao período de crise. Pinho Moreira não deu garantias de que poderá atender ao pedido e observou que o Estado também deixou de arrecadar R$ 130 milhões nos últimos dias.

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Preço do milho reajustado

Uma medida prática já anunciada nesta sexta promete minimizar os efeitos da greve na agroindústria: após negociação entre o Estado e o Ministério da Agricultura, o preço da saca de milho estocada na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) será fixado em R$ 37,60 por 15 dias. O reajuste é bem-vindo porque produtores foram surpreendidos nesta sexta com o valor de R$ 41,40, enquanto na última semana a saca custava R$ 31,90.

Em relação às linhas de crédito para o campo, o secretário de Estado da Agricultura, Airton Spies, destacou que os produtores já têm o direito de renegociar parcelas quando afetados pela queda na arrecadação. Novas formas de crédito, no entanto, não são projetadas pelo governo do Estado.

—Estamos ainda trabalhando com alternativas. Vem aí o novo Plano Safra, com crédito para os agricultores, que pode ser útil para socorrer os produtores. Mas, de imediato, eles já têm acesso à renegociação das dívidas com base nas perdas por falta de mercado — diz Spies.