A sala foi cedida pela NSO Borrachas. O palestrante, Roger Becker, já conhecia boa parte da plateia e aceitou falar de forma voluntária para um grupo de cerca de 20 empresários do bairro Vila Nova na manhã do dia 30 de outubro. Empreendedores de diferentes ramos deixaram o trabalho para aprender um pouco mais sobre um tema que impacta a rotina deles: a velocidade da mudança no mundo dos negócios.
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Este não foi um encontro isolado. Periodicamente, empresários de diferentes regiões da cidade se encontram com colegas de bairro que podem ser tanto potenciais parceiros de negócios quanto concorrentes.
Não há muito alarde, mas o que acontece nessas reuniões pode resultar em melhorias internas nas organizações, novos negócios ou influenciar decisões das autoridades nas comunidades. Um caso emblemático foi a mobilização dos empresários da região para construção da Rodovia do Arroz.
Outras vezes, o networking basta. No início do encontro do dia 30, poucos conheciam o negócio de uma das participantes, de papelaria para escritório. Ao final, a valiosa troca de cartões rendeu à empresária algumas promessas de encomendas.
A articulação empresarial nos bairros, chamada de Gestão Compartilhada, tem a coordenação e suporte técnico da Associação Empresarial de Joinville (Acij). E isto faz toda a diferença.
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Sem ela, os empresários dos bairros possivelmente encontrariam barreiras para encaminhar grandes reivindicações a parlamentares ou membros do Poder Executivo, seja na esfera municipal ou estadual, explica Keide Cristiane, consultora da entidade. Quando uma audiência é solicitada pela Acij, a chance de as portas se abrirem é bem maior.
Outro aspecto que facilita as articulações é a presença de outras associações e do poder público na reuniões regionais. Na NSO Borrachas, uma das pessoas da plateia era a subprefeita do Vila Nova, Elenita Ramos de Souza.
Na zona Norte, o Gestão Compartilhada deu origem a um comitê específico de mobilidade, formado por técnicos da Prefeitura e pela iniciativa privada.
Não é preciso ser associado para comparecer aos encontros. A adesão também não traz qualquer ônus ao participante. E cada núcleo coloca ênfase nas ações que fazem mais sentido para aquela comunidade.
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– As características são distintas e os núcleos regionais têm DNA próprio – diz o coordenador do programa, Jaime Grasso.
Programa completa 10 anos
O programa de articulação empresarial nos bairros, idealizado pela Associação Empresarial de Joinville (Acij), completou dez anos em outubro. Mais do que números, o Gestão Compartilhada contabiliza uma gama de aprendizados a seus participantes, seja por meio de palestras, mobilização para melhorias locais ou visitas técnicas.
Algumas visitas ficaram na memória, como o dia em que um grupo foi conhecer os processos da Weg e se deparou com um dos fundadores da empresa no meio da fábrica. Eggon João da Silva gentilmente cumprimentou os empreendedores e contou como a empresa de Jaraguá do Sul se tornou referência em seu segmento.
A primeira reunião do Gestão Compartilhada, em outubro de 2003, aconteceu no bairro Vila Nova, numa época em que a comunidade sentia-se abandonada, recorda-se o coordenador e idealizador Jaime Grasso. A vontade de mudar a situação reuniu 60 pessoas na Sociedade Palmeiras, número bem acima da média dos encontros regionais.
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A Rodovia do Arroz estava na lista das reivindicações. Com a intermediação da Acij, o tema foi levado mais tarde para o governo estadual e representou uma das primeiras articulações políticas para viabilizar esta importante obra da cidade.
Outras bandeiras foram a subestação de energia e a iluminação de acesso ao eixo industrial, na zona Norte. Na zona Leste, os empresários conseguiram ampliar o traçado previsto para passar a rede de esgoto.
Historicamente, a Acij tem sido vista como uma representante da elite empresarial. A decisão de criar um braço nas comunidades foi a forma encontrada para criar vínculo com um público mais amplo e atender às suas necessidades.
Para ganhar legitimidade, a Acij identificou lideranças respeitadas nos bairros, referência entre seus pares, para dar impulso ao projeto, explica o coordenador e idealizador do Gestão Compartilhada, Jaime Grasso.
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Aproveitar a experiência local é uma das marcas do programa
Uma das características do Programa Gestão Compartilhada é aproveitar o conhecimento local. Na visão do coordenador Jaime Grasso, se uma empresa tem se mantido saudável por pelo menos cinco anos, acumulou experiência e aprendizados que podem ser úteis para outros empreendedores.
– Temos a crença de que é importante trazer pessoas diferentes para contar sua experiência, mas não esquecer de que muitos ouvintes têm pequenos empreendimentos, com necessidades básicas. Um profissional que está próximo pode ajudar.
O emprésario Roger Becker, que já palestrou no programa, é um exemplo de prata da casa. O consultor especializado em gestão já presidiu o Núcleo de Jovens Empresários da Associação Empresarial de Joinville (Acij) e o Gestão Compartilhada Sul, do qual ainda faz parte.
De acordo com a consultora da Acij, Keide Cristiane, as regionais costumam aproveitar boas práticas umas da outras.
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Confira o Gestão Compartilhada em cada região