Depois do Aconcágua, nos andes argentinos, dois montanhistas agora querem atingir o ponto mais alto do continente africano. Emerson Bernardes e Juliano Sant’Ana embarcam terça-feira para uma viagem que, entre escalas e trocas de aviões, deve durar um dia, até chegarem à Tanzânia. É onde terão à sua espera o desafiador Kilimanjaro, uma montanha de 5.895 metros de altura.

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Os gastos da dupla com a aventura chegam a R$ 25 mil, tudo custeado por patrocínio. Na lista de despesas estão as passagens aéreas e, por questões de segurança, a contratação obrigatória de uma empresa que fornece toda a estrutura necessária: acampamento, alimentação, resgate, médicos e guias acompanhando a caminhada. Ao todo, subida e descida devem levar oito dias.

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Os dois sabem que podem não chegar ao topo, apesar da rotina de treinos e da vontade de cumprir a meta. O principal inimigo são os efeitos da altitude, que podem aparecer a despeito do preparo físico. Para se adaptar a eles, só mesmo vivendo em regiões com características parecidas. Em janeiro de 2013, quando enfrentaram os 6.962 metros do Aconcágua com outros três amigos, apenas um chegou ao topo. Com tontura, dores na cabeça e ânsia de vômito em decorrência da altura, os demais tiveram de voltar.

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No Kilimanjaro, eles partem sob uma temperatura de 30 ºC para encontrar no pico -20 ºC. E mais: no primeiro dia de subida, os guias costumam andar armados – afirma a dupla -, já que estão em plena selva africana e a qualquer momento algum animal pode atacá-los. Mas no trajeto a paisagem muda para savana, de vegetações baixas, e o problema maior passa a ser a altitude.

– O medo existe o tempo inteiro. É importante para respeitar a atividade e ajuda na hora de tomar as decisões – explica Juliano, sócio de uma agência de comunicação.

Juliano no Aconcágua em 2013/Arquivo pessoal:

Dupla se prepara desde janeiro

Se alcançarem o topo do monte, Juliano Sant’Ana e Emerson Bernardes terão pouco tempo para apreciar o visual e celebrar a conquista: apenas uns 30 minutos, por causa do impacto do ar rarefeito. Antes, eles terão passado as noites em acampamentos e recebido avaliação médica, sem a qual não podem seguir a caminhada. Levam às costas uma mochila de 23 kg, com roupas, equipamentos e mantimentos.

– É cansativo, mas a gente se realiza – declara Bernardes, proprietário de uma cervejaria artesanal.

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Em janeiro começou a preparação com o estudo do Kilimanjaro. A dupla seguiu uma rotina de treinos, que envolveu academia, corrida, trilha a cada dois meses no Spitzkopf e dieta balanceada, com alimentos integrais, sem glúten nem lactose. Para a viagem, tiveram de consumir medicamentos contra a febre amarela e a malária. A atual epidemia de ebola, segundo eles, está longe da região.