O governo voltou a atrasar pagamentos às empresas participantes do programa habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV), de acordo com representantes do setor da construção civil. A insatisfação com o problema que, segundo os executivos, já se tornou recorrente e tem aumentado as discussões a respeito de uma possível paralisação de obras, embora nenhuma decisão nesse sentido tenha sido tomada ainda.

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O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, afirmou, em entrevista à Agência Estado, que o governo ainda não quitou obrigações em outubro ou notificou as empresas sobre os planos para futuros pagamentos.

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De acordo com o executivo, a ausência de pagamentos e de informações acendeu o sinal de alerta dos empresários, pois isso difere dos acordos firmados entre governo e entidades da construção.

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– Nós aceitamos um novo cronograma de prazos de pagamentos e de ritmo de obras, mas eles não pagaram no prazo. O fluxo de pagamentos que propuseram não foi cumprido – afirmou o executivo, que estima um volume em atraso de, pelo menos, R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão.

No final de junho, a CBIC firmou um acordo com o governo, no qual os desembolsos do Minha Casa Minha Vida seriam feitos em 30, 45 e 60 dias, de acordo com porte da empresa.

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O executivo contou que alguns empresários já estão ameaçando paralisações nas obras, caso o problema não seja solucionado. Martins ressaltou, no entanto, que essa é uma iniciativa da base, não das entidades.

– A CBIC não dita o que as empresas devem fazer, mas é impossível segurar o movimento da base – afirmou.

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O presidente da CBIC informou ainda que está previsto para a tarde desta segunda-feira um encontro com representantes do governo, no qual se espera chegar a uma solução.

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– Vamos escutar o que eles têm a dizer. Em seguida, vamos levar aos representantes nos Estados, que devem decidir o que fazer – disse.

– Mas não vamos acreditar em propostas que podem mudar no meio do caminho – ressaltou.

Procurado, o Ministério do Planejamento confirmou a reunião, mas não informou a pauta do encontro. Já o Ministério das Cidades não respondeu até o fechamento desta reportagem aos questionamentos feitos pelo Broadcast.

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*Estadão Conteúdo