Com muita frequência, vê-se pessoas do povo, advogados, professores, magistrados, estudantes, vincularem a figura do trabalhador apenas ao empregado. Enquadra-se na qualidade de trabalhador apenas a pessoa física que presta serviços para alguma empresa. Assim, temos nessa relação o empregado trabalhador e o empresário empregador. Entretanto, é justamente nessa caracterização que mora o equívoco em desqualificar o empresário como trabalhador também.
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Está na hora de ampliar o horizonte dessa relação, afastando o fantasma do empresário repressor e malvado e aproximá-lo da figura trabalhadora como qualquer trabalhador-empregado. O empresário trabalha. E muito! Não raramente em jornadas extraordinárias, alcançando carga horária superior a 12 horas por dia, sem direito a horas extras. Ser empresário significa criar, desenvolver, contribuir para a melhora da sociedade, e não só auferir lucros e angariar riquezas. E o mais importante: ser empresário significa dar oportunidade para que outros cresçam e se desenvolvam profissionalmente.
Assim, ser um empresário trabalhador é gerir um negócio, enfrentar suas intempéries e seus riscos, trabalhar duro para se manter de pé, encarar uma carga tributária desproporcional e ainda por cima, criar emprego e oportunidades. Portanto, empregados e empregadores ocupam a mesma categoria: de trabalhadores.
Sabe-se, no entanto, que existem empresários que não fazem jus ao título que carregam, desmerecendo qualquer referência. Assim como existem empregados que também não merecem as chances que recebem, que mentem e fazem corpo mole. Mas as exceções não podem representar a realidade. E no Brasil, precisamos da seguinte realidade: homens e mulheres que queiram crescer juntos, em mútua cooperação, independentemente da posição que ocupam, seja na qualidade de empregado ou de empregador.
Isso sim é servir sem distinção ou qualquer tipo de discriminação ou rótulos. Isso sim é assumir um lado: o lado da evolução e crescimento. E para crescer e evoluir, precisamos uns dos outros, ou seja, precisamos dos empregados e empresários trabalhadores.
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* Edgar Herzmann é advogado especialista em Direito e Processo do Trabalho
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