Era um hobby: quase todas as quintas-feiras, Cleverson Carlini se reunia com os amigos para jogar futebol. Mas, da última vez em que se juntaram para uma partida, o jogo terminou em tragédia. Na quinta-feira à noite, Carlini jogava no Trivela Futebol Society, na rua São Paulo, Itoupava Seca, quando tropeçou e se chocou contra uma parede paralela à linha de fundo da quadra. Com o impacto, sofreu traumatismo cervical e morreu ainda em campo, aos 37 anos.

Continua depois da publicidade

Durante a partida, Carlini jogava com o filho Felipe, 16, que estava no gol. Foi ele quem ligou para o tio, Christian Witthoff, cunhado de Carlini, por volta das 23h para lhe dar a notícia do acidente. Witthoff conta que o cunhado estava na lateral direita, recebeu a bola e partiu em disparada para o ataque. Fez o cruzamento, mas, na corrida, tropeçou e bateu com a cabeça contra a parede.

Em respeito à morte de Carlini, o Trivela ficará fechado por uma semana. O gerente Rafael Intur diz que o grupo a que o empresário pertencia frequenta a quadra há pelo menos quatro anos. De acordo com ele, cerca de 12 pessoas estavam em campo no momento da colisão.

Carlini, segundo Witthoff, ainda tentou falar algumas palavras, deu dois suspiros profundos e morreu. O Corpo de Bombeiros foi acionado e, ao chegar à quadra, encontrou a vítima sem sinais vitais. A Polícia Civil e o Instituto Médico Legal também compareceram ao local.

– O filho dele me ligou chorando, não deu para entender nada. Não tinha nenhum adulto da família com ele – lembra Witthoff durante o funeral do cunhado na tarde de sexta-feira, no cemitério São José.

Continua depois da publicidade

Separado, Carlini morava na Itoupava Seca, tinha um único filho e havia cerca de um ano assistia à sua aposta no comércio engrenar. Era dono da loja Matheus Baby, de produtos infantis, no Centro de Blumenau, e de um caminhão de frete. Começou trabalhando como vendedor de peças automotivas, depois se tornou corretor de imóveis, até conhecer os melhores endereços onde investir. Foi quando virou comerciante.

– Era muito batalhador. O que ele queria ia atrás – conta Witthoff.

Carlini era tido como alguém que gostava de aproveitar a vida. Viajou para a Itália e, como tinha muitos parentes espalhados por Santa Catarina, teve a chance de conhecer o interior do Estado. Além das viagens e do futebol às quintas-feiras, pescaria também estava entre suas paixões. O empresário deixou ainda a mãe e quatro irmãos.

Sobre a existência de uma parede próximo à quadra, o chefe da Comunicação do Corpo de Bombeiros, tenente Renan César, diz que não cabe à instituição fiscalizar este caso:

– O tipo de material, distâncias mínimas e perímetros não são regulados pelos bombeiros.

A diretora de Fiscalização de Obras e Posturas da Secretaria de Planejamento, Maria Cristina Silva Figueiredo, afirma que também não cabe ao órgão apurar os critérios de segurança, e sim a parte estrutural das construções. Caso o projeto seja aprovado, é emitido um alvará de localização e outro de funcionamento. Witthoff, cunhado da vítima, considera o fato um acidente.

Continua depois da publicidade