Um empresário negro prestou queixa à Polícia Civil sobre ter sofrido racismo em um hotel de luxo em Jurerê Internacional, em Florianópolis, em ocasião em que ele e familiares teriam sido abordados de forma desrespeitosa por um segurança. Em boletim de ocorrência (BO) registrado na terça-feira (3), Lucas Matheus Damazio Corrêa relatou ter sido questionado por não usar uma pulseira ao caminhar pelas dependências do IL Campanario. Outros hóspedes, no entanto, faziam o mesmo e não foram abordados.

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O empresário conhecido como Zulu Damazio afirmou que, apesar de estar sem a pulseira, levava em mãos um cartão de acesso ao quarto, atendendo a orientação que havia recebido do próprio hotel. Além de buscar a polícia, ele também compartilhou o caso em relato em sua conta no Instagram.

— Será que é minha cor? Será que eu não poderia estar aqui? — questionou, em um vídeo.

Segundo consta no BO, Zulu e a família receberam as pulseiras por volta das 12h30, para conseguirem usar a piscina até o horário do check-in, marcado para 15h, quando receberiam cartões de acesso para os quartos. Uma hora e meia depois, no entanto, já na recepção do hotel IL Campanario, eles ainda precisaram esperar até as 16h para terem o acesso às acomodações liberado.

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— Eu estava o tempo todo na recepção e via as pessoas entrando e saindo sem pulseira — contou.

Depois de chegar ao quarto, a família começou a se preparar para jantar fora, de acordo com o empresário, que veio de Criciúma, no Sul Catarinense, com a mãe, a irmã e a namorada. Foi na volta do jantar, então, que os familiares foram abordados pelo segurança do hotel sobre a falta da pulseira.

A mãe de Zulu ainda teria questionado o segurança, conforme consta no boletim de ocorrência, sobre o motivo de apenas eles terem sido abordados, mas recebido uma reprimenda ríspida.

— Ela foi encostar no braço do segurança para explicar a situação, e ele disse: “Não encoste em mim” — destacou o empresário em seu relato à Polícia Civil.

Veja o relato do empresário sobre o episódio

À reportagem , o hotel IL Campanario informou que o uso das pulseiras é um procedimento padrão adotado pelo empreendimento, mas destacou que repudia “toda e qualquer atitude discriminatória”.

Já a Polícia Civil de Santa Catarina informou, por meio de assessoria, que o BO não havia sido despachado até o final da tarde desta quarta (4), altura em que foi acionada pela reportagem.

Veja a íntegra do que diz o hotel IL Campanario

“O Condomínio Complexo Turístico IL Campanario tomou conhecimento da denúncia de suposto caso de racismo por parte da segurança contratada pelo empreendimento, por ocasião da solicitação de uso de pulseiras de identificação por hóspedes.

Esclarecemos que o uso de pulseiras por hóspedes é procedimento padrão do empreendimento, assim como em inúmeros resorts no Brasil e no mundo.

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Repudiamos toda e qualquer atitude discriminatória e condutas como a denunciada não fazem parte dos valores e dos princípios que defendemos e pregamos diariamente, de respeito e tratamento igualitário a todos.

Ressaltamos que não há espaço para este tipo de atitude em nossas dependências.

O empreendimento está à disposição das autoridades para toda e qualquer informação que se mostrar necessária, posto que o denunciante acionou a autoridade policial.”

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