O Parlamento paquistanês elegeu nesta terça-feira o empresário Mamnoon Hussein como o novo presidente do Paquistão, o gigante muçulmano de 180 milhões de habitantes e vítima de ataques dos talibãs.

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O candidato da Liga Muçulmana (PML-N) sucederá Assif Ali Zardari, cujo mandato termina no dia 8 de outubro.

Mamnoon superou sem dificuldades o seu adversário em uma votação ocorrida poucas horas após um ataque realizado pelos talibãs paquistaneses do TTP contra uma prisão do norte do país que permitiu a fuga de 250 detidos.

No Paquistão, o presidente é eleito por um comitê de membros do Parlamento nacional e de deputados das assembleias de quatro províncias. Cada província dispunha nesta eleição do mesmo número de votos, em uma tentativa de manter um equilíbrio mínimo em um país onde a metade da população vive em Punjab.

Esta eleição, prevista inicialmente para o dia 6 de agosto, foi adiantada para esta terça-feira pelo Tribunal Supremo, uma decisão criticada pelo Partido do Povo Paquistanês (PPP) do presidente Zardari.

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Esta formação passou à oposição após a derrota sofrida nas legislativas de maio, conquistadas por ampla maioria pela Liga Muçulmana (PML-N) de Sharif.

Frustrado pela decisão da Justiça, o PPP, atualmente a principal força da oposição, boicotou esta eleição que, matematicamente, não tinha nenhuma possibilidade de vencer.

Devido ao boicote do PPP, à renúncia de alguns candidatos e à rejeição de outras candidaturas, apenas dois aspirantes disputavam o cargo de presidente.

Mamnoon Hussein, um dos barões do PML-N que fez fortuna no setor têxtil e que foi brevemente governador da província de Sind em 1999, enfrentou Wajihudin Ahmed, um ex-juiz do Tribunal Supremo aposentado que defende o Tehreek-e-Insaf (PTI), o partido ascendente do ex-astro do críquete Imran Khan.

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Este homem de 73 anos de idade, nascido na Índia como vários outros líderes paquistaneses de seu geração, antes da divisão das Índias britânicas em agosto de 1947, é o homem de confiança do primeiro-ministro Nawaz Sharif, que deve continuar a ser o mestre do jogo político do país.

De fato, uma emenda constitucional em 2010 deu mais poder à câmara baixa do Parlamento e ao primeiro-ministro, o que não impediu o presidente Zardari comandar a situação.

O mandato de Zardari foi marcado por uma primeira transição democrática entre dois governos civis, mas minada pelo aumento atentados realizados por grupos islâmicos armados ou mafiosos e uma crise energética que atinge o setor industrial.

Uma vez fora do poder, Asif Ali Zardari poderia deixar o Paquistão para evitar ser morto como sua ex-esposa Benazir Bhutto, em dezembro de 2007, e o chefe de sua guarda pessoal, assassinado em meados de julho em um atentado. Optando pelo exílio também evitaria eventuais acusações de corrupção, consideram os analistas.

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Zardari tentou, sem sucesso, durante o último ano trazer seu filho Bilawal Bhutto Zardari, jovem diplomado de Oxford, ao primeiro plano da máquina política do PPP a fim de facilitar uma transição no partido.

– Há uma crise de liderança no PPP(…). Bilawal não esta em posição de gerir os assuntos do partido. Ele precisa do apoio de seu pai. Se Zardari deixar o Paquistão, não poderá ajudar seu filho – considera o analista Hasan Askari.