Três dias antes de serem presos, o empresário da Raiz, Luiz Fernando Oliveira da Silva, o Dentinho, e o ex-secretário de Governo de Palhoça, Carlos Alberto Fernandes Júnior, o Caco, almoçaram numa churrascaria com o prefeito de Palhoça, Camilo Martins.
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O promotor Alexandre Graziotin ouviu Camilo como testemunha na investigação sobre a corrupção na Águas de Palhoça. Camilo disse que prestou esclarecimentos sobre uma conversa telefônica com o ex-secretário Caco e em razão do encontro com o empresário da Raiz.
O almoço aconteceu no dia 12 de julho, uma sexta-feira, na churrascaria Tropilha Grill, às margens da BR-101, em São José, e também reuniu dois diretores da Águas de Palhoça, Allan Pyetro de Melo de Souza (era o superintendente) e Geovani Guilherme Probst.
Camilo aparece no depoimento de dois policiais militares integrantes do Gaeco. O promotor Graziotin afirma que Camilo não é investigado. O prefeito disse ao DC que participou do encontro a convite de um diretor da Águas, onde cobrou melhorias do serviço ao empresário (leia entrevista com Camilo no www.diario.com.br).
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Nas declarações, dadas após as prisões em flagrante, os policiais militares não incriminam o prefeito. Relatam sobre a investigação, o monitoramento telefônico e pessoal sobre Caco e o empresário e os almoços entre autoridades que as equipes à paisana acompanharam.
O encontro na churrascaria com a presença de Camilo aconteceu momentos depois que Caco e Luiz Fernando se reuniram em via pública, às 12h30min. Conforme os policiais, Caco e Luiz Fernando alinharam os dois veículos de forma que as portas dos motoristas ficaram lado a lado.
Foi então que o empresário passou para Caco embalagem de formato semelhante com a que, na mesma manhã, fora visto saindo da agência do Banco de Brasil em Canasvieiras – o Gaeco afirma ter apreendido com o Luiz Fernando comprovante de saque no valor de R$ 100 mil no dia 12 de julho.
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Caco e o empresário voltaram a se encontrar mais tarde, na churrascaria, desta vez com a companhia do prefeito e mais três pessoas. Na investigação, os policiais não revelam detalhes sobre o assunto tratado na mesa.
Juíza lembra de foro privilegiado
A juíza da 1ª Vara Criminal em Palhoça, Carolina Ranzolin Nerbass Fretta, que decretou as buscas e as prisões dos envolvidos, diz no processo que nada ainda está esclarecido a respeito da suposta participação de Camilo, pois não existem indícios razoáveis nesse sentido.
Em outro ponto, a juíza observa que se durante as investigações houver evidências relacionando Camilo aos crimes, haverá alteração do competência para o julgamento do caso em razão do foro privilegiado do prefeito, neste caso, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina.
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DOS ENCONTROS AO FLAGRANTE
11 de julho de 2013 – quinta-feira
Carlos Fernandes Júnior, o Caco, Carlos Alberto Fernandes (pai de Caco), Luiz Fernando Dentinho e um irmão de Caco almoçam no restaurante Rancho Açoriano, no Bairro Itaguaçu, em Florianópolis.
Caco carrega um documento. Ao final, o documento passa para o empresário Luiz Fernando.
À tarde, Luiz Fernando faz ligações telefônicas e menciona pagamentos que deveria fazer a Caco.
Luiz Fernando faz previsões de saques para o dia seguinte de R$ 100 mil e para o dia 15 de R$ 180 mil.
12 de julho de 2013 – sexta-feira
Luiz Fernando vai até o Banco do Brasil, em Canasvieiras, e sai levando sacola plástica.
Por volta de 12h30min, Luiz Fernando se encontra com Caco alinhando as portas dos motoristas dos veículos lado a lado.
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Luiz Fernando passa para Caco embalagem semelhante aquela que foi visto saindo do banco.
Luiz Fernando, Caco, o prefeito Camilo Martins, Allan Pyetro de Melo de Souza (então superintendente da Águas) e Geovani Guilherme Probst (diretor da Águas), Mauro Alexandre Pagani e outra pessoa almoçam na Churrascaria Tropilha Grill, em São José (margens da BR-101).
15 de julho de 2013 – segunda-feira
Luiz Fernando vai ao Banco do Brasil, em Canasvieiras e sai levando caixa de papelão.
Depois de almoçar, Luiz Fernando vai à Águas de Palhoça com a caixa de papelão. Quase uma hora depois, sai do local sem a caixa.
Carlos Alberto Fernandes, pai de Caco, liga pedindo que ele vá até a Águas de Palhoça.
Caco e o pai são presos na Águas de Palhoça. Caco levava sacola com R$ 65 mil e R$ 3,5 mil no bolso. O pai dele tinha R$ 34,5 mil na gaveta da sala e levava R$ 17,4 mil. O empresário Luiz Fernando é preso na Raiz.
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Fonte: Autos do inquérito que investiga o caso que o DC teve acesso.