No começo deste ano, o ministro Guido Mantega veio a público fazer o que gosta: jactar-se com resultados conjunturais engendrados favoráveis e prometer crescimento econômico, tudo isso para “acalmar os nervosinhos”. Estamos quase no último trimestre e seria bom lembrar ao eloquente ministro que os indicadores a cada mês só contribuem para deixar o mercado ainda mais apreensivo.
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Mais atrás, em agosto do ano passado, o ministro cogitava meta ambiciosa de 4% de crescimento do PIB. Um ano depois, teimosamente, ainda se agarra a 1,8% de crescimento quando o mercado divulga sua décima oitava projeção ladeira abaixo, agora em 0,29%. Como ainda faltam três meses para findar o ano, há chances de zerarmos a conta.
A indústria está batendo na mesma tecla há muito tempo e, agora, com mais uma campanha eleitoral em andamento, continua sem extrair algo concreto em termos de perspectivas de mudanças. Faltam conteúdos programáticos e as promessas de campanhas ao Executivo e Legislativo se misturam, atropelando as atribuições constitucionais de cada poder.
O setor industrial não quer proteção nem privilégios, defende apenas um papel regulador do poder público na atividade econômica para que a indústria possa crescer com bases sólidas, gerar renda, crescimento e competir em melhores condições no setor exportador. Nos últimos 10 anos, a produção física da indústria cresceu apenas 18%, segundo o IBGE, enquanto no mesmo período o consumo cresceu 90%. Alguém preencheu essa diferença, e não foi o setor industrial brasileiro. A participação da indústria de transformação no PIB, que já foi superior a 30% há duas décadas, hoje representa apenas 14%. Na China é de 34%.
Se queremos a retomada do protagonismo da indústria, é bom que a política econômica seja mudada “para ontem”, como se costuma dizer. Os nervosinhos querem se acalmar e ter condições de trabalhar com regras claras e perspectivas de realizar bons negócios gerando lucros. É pedir muito?
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