A vida do comerciante Rubens de Oliveira Campos Júnior, 36 anos, dono de loja em uma galeria no Centro de Joinville, não é mais a mesma desde que ele foi atacado por um desconhecido no ano passado.

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No dia 2 de dezembro, um homem ainda não identificado pela Polícia Civil entrou na loja e, sem motivo aparente, jogou ácido no rosto do empresário. O produto químico afetou a visão de Rubens que, após cinco cirurgias, recuperou 95% da vista direita. O olho esquerdo, porém, ficou com 90% da visão comprometida. O caso está sendo investigado pela 3ª Delegacia de Polícia de Joinville.

Além de danos físicos, a agressão trouxe medo e angústia.

– Hoje, saio pouco de casa. Quando vou ao meu estabelecimento, permaneço, no máximo, 40 minutos-, diz.

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Rubens não conhece o homem que o agrediu, mas diz lembrar muito bem da fisionomia dele. No dia, o homem que ele descreve estar na faixa de 45 anos, de cabelos grisalhos e corrente grossa de prata no pescoço, entrou na loja e perguntou ao dono se ele era “o Rubens”.

O empresário conta ter visto um pote na mão do homem e imaginou que se tratava de alguém tentando vender algo. Quando recebeu a afirmativa, o homem jogou o líquido no rosto de Rubens e foi embora. Em um primeiro momento, o comerciante chegou a pensar que aquela atitude era fruto de uma brincadeira. Até ensaiou sair correndo atrás do homem, para questioná-lo sobre a agressão. Mas, minutos depois, a dor nos olhos o fez perceber que a situação era grave.

No Hospital Dona Helena, enfermeiros trataram os ferimentos com soro fisiológico. Só um médico oftalmologista conseguiu detectar a gravidade da lesão. Rubens conta já ter gasto cerca de R$ 8 mil em procedimentos médicos. Porém, ele ainda sonha em realizar o transplante de limbo (zona entre a córnea e a esclera, responsável por drenar o líquido no interior do olho) que custa entre R$ 5 a 7 mil.

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Transplante

De acordo com o oftalmologista Vinícius Ghanem, uma das formas de realizar o transplante é encontrando um doador compatível. Para vencer essa etapa e chegar ao transplante de córnea, é preciso contar com a aceitação do organismo.

– Ele tem chance de recuperar a visão, mas se ela será normal ou não é difícil de saber-, explicou o médico.

Conseguindo vencer essa etapa, ele poderia tentar um transplante de córnea. A preocupação dele não é apenas com a recuperação da visão, e sim evitar novos problemas que as lesões causadas pelo ácido, podem provocar no futuro.

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Investigação depende de testemunhas

O delegado Leonardo Marcondes Machado instaurou inquérito por crime de lesão corporal grave. A perícia, feita na época, comprovou que o líquido era um ácido e que o comerciante adquiriu uma debilidade permanente da visão.

De acordo com o delegado, as vítimas e diversas testemunhas já foram ouvidas. Ele disse que existe uma tese levantada pela vítima, mas que ainda é cedo para confirmar a suspeita.

Apesar de as investigações da Polícia Civil ainda parecerem longe de acabar, o empresário de 36 anos afirma saber quem está por trás da agressão. De acordo com ele, a mandante seria uma ex-companheira dele, que mora na capital paulista. O comerciante aguarda, agora, a ação da polícia para descobrir quem atirou o ácido no rosto dele e quem mandou fazer isso.

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Para isso, é preciso colher o depoimento da ex-companheira da vítima, que está em São Paulo. Uma carta precatória foi enviada, em janeiro deste ano, à Polícia Civil da capital paulista, que ficou responsável em localizar a mulher e ouvi-la – o que não ocorreu ainda. A polícia de Joinville aguarda o resultado deste depoimento para avançar nas investigações.

Imagens

As imagens do circuito interno da galeria e de câmeras da rua comprovam que um homem esteve no local e jogou o líquido na vítima. O suspeito ainda não foi identificado. Na tentativa de agilizar a investigação, Rubens registrou a ocorrência também em uma delegacia em São Paulo.