Em depoimento na oitava reunião da CPI da Codetran na Câmara de Vereadores de Itajaí nesta sexta-feira, o empresário Mansueto Gastaldi Junior, dono de uma mecânica de motocicletas na cidade, confirmou que, a pedido do vereador José Alvercino Ferreira (PP), procurou um comprador para as 715 motos furtadas do pátio de veículos apreendidos. Segundo Gastaldi, a informação que ele tinha era de que as motos iriam para leilão. Ele diz que elas foram arrematadas por um contato do empresário em São Paulo, identificado como “Pilão”, dono de uma loja de peças usadas.
Continua depois da publicidade
De acordo com o depoimento de Gastaldi, após a negociação ele teria procurado Ferreira para pedir uma comissão por ter intermediado a venda, mas recebeu como resposta que o responsável pela negociação seria o diretor do pátio, Júlio Cesar Fernandes. Por não ter intimidade com Julio, ele alega não ter pedido a comissão. No entanto, o empresário contou à CPI que após a Operação Parada Obrigatória 2 ser deflagrada e ele ser convocado pelo Gaeco, recebeu seguidas visitas de Julio em casa, inclusive se oferecendo para pagar o advogado de Gastaldi, para que ele prestasse depoimento contra o vereador Zé Ferreira.
– No primeiro depoimento ao Gaeco eu estava apavorado, só queria sair de lá o quanto antes, nunca tinha feito nada parecido, por isso não lembrei de muitas coisas. Depois que fui lembrar com calma dos fatos, por isso o segundo depoimento foi diferente – explicou o empresário quando questionado pelo vereador Thiago Morastoni (PMDB) a respeito do seu depoimento em juízo após a investigação do Gaeco.
Gastaldi também confirmou que teria auxiliado Zé Ferreira e o diretor do pátio na busca por alguém para realizar o transporte das motos até São Paulo. Os integrantes da CPI pediram a ele que fornecesse o contato do comprador em São Paulo e do amigo contratado para o frete, identificado pelo apelido de “Bacana”. As motos, segundo o empresário, estavam sucateadas e com aparência de abandonadas. A reportagem tentou contato com o advogado de José Alvercino Ferreira, mas ele não atendeu as ligações.
Continua depois da publicidade
Susi Bellini nega conhecimento das irregularidades no pátio
A reunião da CPI também contou com o depoimento da secretária de Segurança de Itajaí, Suzete Bellini. Em quase duas horas de interrogatório, ela contou aos vereadores membros da comissão como funcionava a fiscalização de contratos dentro do órgão de trânsito da cidade. Segundo ela, os 16 contratos existentes na secretaria quando ela assumiu o cargo em 2013 foram analisados, e nada de irregular foi encontrado no do pátio de veículos apreendidos.
– Foi feita uma ordem de prioridade, iniciamos a análise pelos contratos mais problemáticos, que não estavam sendo cumpridos ou que tinham problemas. O do pátio, como não tinha nenhuma reclamação, foi o último a ser verificado – contou.
A secretária afirmou também que tomou as medidas cabíveis após a Operação Parada Obrigatória 2, afastando os citados dos cargos e mudando a fiscalização do contrato do pátio. Ela também colocou à disposição da CPI todos os documentos solicitados e disse ser uma aliada da investigação.- Se existiam erros, pode ter certeza que a gente já corrigiu – afirmou.
Continua depois da publicidade
Vereador espera concluir a CPI antes do recesso do legislativo
De acordo com o presidente da CPI, o vereador Thiago Morastoni (PMDB), será necessária a extensão da CPI por mais 45 dias úteis, conforme prevê a regulamentação, mas a expectativa é concluir a investigação ainda esse ano, antes do recesso do legislativo.
– Houve o atraso pelo tempo que levamos para receber os documentos requeridos, que ainda estão chegando, mas toda a equipe da CPI, além de outros vereadores que se voluntariaram, assessores e equipe jurídica da Casa estão trabalhando para analisar tudo – explicou.
Morastoni diz que ainda não recebeu tudo que solicitou, mas que o volume de material é grande. Somente entre os autos dos contratos, são mais de três mil páginas segundo o vereador.
Continua depois da publicidade
A próxima reunião da CPI está marcada para quarta-feira, dia 4, com o depoimento do atual fiscal do contrato do pátio de veículos apreendidos e assessor jurídico da secretaria de Segurança, Evandro Colares. O ex-coordenador da Codetran, Willian Gervasi, também iria prestar depoimento na reunião desta sexta-feira, mas não se apresentou por razões médicas.