Apaixonado pela velocidade, o catarinense Sandro Garcia resolveu unir o útil ao agradável. Concessionário de motos no estado, decidiu patrocinar atletas de motocross em 2005. A iniciativa isolada ganhou dimensões muito maiores quando, em 2011, a Yamaha comprou a ideia do empresário.
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Com a parceria, conseguiram criar na Grande Florianópolis uma equipe com estrutura de ponta, pilotos de alto nível e grandes pretensões. Deu tão certo que o espanhol Carlos Campano, campeão mundial de MX3 em 2010, aceitou o convite de defender o time, com o qual foi campeão brasileiro em 2012 e está prestes a repetir o feito neste fim de semana.
Confira abaixo a entrevista com Sandro e conheça mais sobre a equipe Yamaha Grupo Geração Monster Energy.
Diário Catarinense – Como surgiu o convite para o espanhol Carlos Campano integrar a Yamaha Grupo Geração Monster Energy?
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Sandro Garcia –O primeiro contato que tivemos foi na etapa do Mundial de Motocross de 2011 em Indaiatuba, no interior de São Paulo. Foi quando o conheci pessoalmente e fiz o convite para participar de algumas etapas do Brasileiro, que aconteceriam na sequência do Mundial. Já sabia por um amigo em comum de um possível interesse do Carlos de correr aqui. Naquele ano, ele aceitou participar das três últimas etapas do Brasileiro como um teste, para ver se conseguiria se adaptar. Ele foi muito bem, ganhou todas e fechou o contrato para 2012. Foi campeão na sua primeira temporada completa, em 2012, só não venceu em 2013 porque teve problemas, e agora tem tudo para ser campeão de novo.
DC – A chegada de Carlos mudou o cenário do motocross brasileiro?
Garcia – A Honda estava dominando o Campeonato Brasileiro até ele chegar. A gente acreditou no trabalho dele, fez um investimento e trouxe, foi uma boa ideia, porque depois disso a Honda já trouxe vários estrangeiros, trocou vários pilotos, para tentar ganhar do Carlos e não conseguiu. A gente escolheu bem e teve um pouco de sorte também por trazer ele que é um cara muito trabalhador, se dedica 100% ao esporte.
DC – O que atrai um piloto estrangeiro para cá?
Garcia – Aqui tem boas pistas, e eles gostam do público, que torce muito, vibra, o calor humano é muito forte. Nos últimos anos, com a crise na Europa, o Brasil se tornou mais viável para eles, principalmente no caso do Carlos que é espanhol e perdeu muito do patrocínio lá. Aqui no Brasil está estável. Comparando com outros esportes, a gente vai mal, o nível que ganha uma atleta de futebol não tem como comparar. Mas em relação a outros países, agente está bem.
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Na América do Sul, por exemplo, o Brasil dá as melhores condições para os pilotos competirem, e os campeonatos são bem organizados, disputados, crescem ano a ano. A média de público é de 15 mil pessoas por evento. Os pilotos também gostam muito daqui, porque Florianópolis é hoje uma cidade que todo mundo quer morar. Se você fala para um piloto que vem de fora para morar em Florianópolis, ele já se interessa.
DC – Qual a importância para a equipe, além dos títulos, de contar com um atleta referência como Carlos?
Garcia – A gente patrocina pilotos desde a categoria júnior, que é a categoria de entrada, atletas de 14 anos de idade. E o objetivo é formar cada vez mais atletas com condições de ganhar títulos. Eles treinam sempre juntos no CT, e o Campano é o espelho de todos eles. Desde os mais novos, como Thiago Brenner, Muguinho Paz e Antônio Silveira, até os profissionais estão sempre tentando aprender com o Campano e melhorar para um dia chegar ao nível que o espanhol tem hoje.
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DC – E por que uma equipe desse porte aqui em Santa Catarina?
Garcia- Sou aqui de Florianópolis, concessionário de moto Yamaha, com cinco revendas no estado. Já fui piloto e sempre gostei de motocross. Desde 2005 patrocinava atletas por conta própria. Até 2011 fui caminhando com minhas próprias pernas, até que a Yamaha resolveu entrar junto comigo no investimento. A partir daí, tivemos condição de montar essa equipe maior, construir um centro de treinamentos, trazer os melhores pilotos, contar com uma boa estrutura também para as competições, com uma carreta motorhome.
A primeira formação da equipe tinha os catarinenses Gabriel Gentil, Anderson Cidade, João Paulo Feltz e Pipo Castro. O Anderson é o único que continua até hoje. Nosso objetivo é conquistar o máximo de títulos possível, não só no motocross, mas em outras modalidades que investimos, como Enduro e Rally. E que não só o Campano vença, mas que esses outros atletas que se inspiram nele também.