Após uma década dedicada ao trabalho no setor industrial, Fabiana Mollmann, de Blumenau, viu a empresa em que era funcionária encerrar as atividades. O momento que poderia ser de desespero para a maioria das pessoas se converteu em oportunidade para a realização de um sonho antigo: empreender. Foi assim que há pouco mais de um ano surgiu a Tudonas Wear, uma marca especializada em modelagens maiores com estilo clássico.
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— Eu pensei que esse era o momento de fazer o meu sonho se transformar em objetivo. A Tudonas surgiu de uma necessidade não atendida, pois não encontrava no mercado peças que eu gostasse e que vestissem o meu tamanho — conta a empresária.
Fabiana faz parte do grupo de 9,3 milhões de mulheres que estão à frente de negócios no Brasil. Empreender, para essa parcela da população, é ainda mais desafiador. Isso porque, mesmo tendo nível de escolaridade 16% superior ao dos homens, elas têm rendimento mensal médio menor, conforme revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC). Enquanto eles ganham R$ 2.344 o valor delas é de R$ 1.831 aproximadamente.
A dificuldade para conseguir financiamentos é outro empecilho. Apesar da taxa de adimplência ser melhor do que a de empresários do sexo masculino, 3,7% e 4,2% respectivamente, o valor médio liberado pelas instituições financeiras é, em média, R$ 13 mil a menos.
Justamente para buscar uma colocação fora da curva nesse mercado é que Fabiana percebeu a necessidade de profissionalizar a gestão do negócio. Foi assim que iniciou a trajetória com o Sebrae/SC. Nesse período, realizou formações em planejamento estratégico, finanças, vendas e consultoria na área financeira até que, em julho deste ano, foi convidada por um grupo de amigas a se inscrever para o processo seletivo do Circuito Empreendedorismo Feminino com Propósito do Programa Sebrae Delas Mulher de Negócios.
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— Eu saio do encontro e venho para Blumenau matutando aquilo e querendo dividir com as pessoas, porque têm coisas que você recebe lá que nunca tinha parado para pensar em como aquilo vai facilitar a tua vida, teus resultados e tua forma de se posicionar. São dicas de profissionais sobre as tuas emoções, ter uma vida equilibrada, se posicionar e cuidar do dinheiro — pontua Fabiana.
O crescimento da empresa já pode, inclusive, ser percebido. Nas próximas semanas, a marca terá um espaço novo para showroom e estoque, atendendo melhor aos lojistas da região.
Empreendedor por oportunidade
Assim como Fabiana, Nínive Silva encontrou na sua própria necessidade a oportunidade de abrir um novo negócio, quando criou o Agarradinho Sling. Após fazer uma viagem com a filha pequena, a empresária de Florianópolis se deu conta de que não havia carregadores práticos para que elas pudessem aproveitar os passeios. Foi assim que, com o auxílio uma máquina de costura, produziu seu primeiro sling, tecido com amarrações que suporta a criança no colo. Para surpresa de Nínive, a ideia chamou a atenção de outras mães, e os pedidos para confecção começaram a surgir.
— Ali eu vi uma oportunidade que foi totalmente ao acaso. A necessidade dessas mães ia muito além de amarrar o sling, era sobre o puerpério, o pós-parto. Cada vez que eu chegava na casa de uma mãe, ela me esperavam com uma mesa enorme de café da tarde porque queria conversar com alguém e precisava ser acolhida — conta Nínive, que se especializou em assessoria de babywearing e agora faz parte da minoria de mulheres empreendedoras que conseguem inovar no ambiente em que atuam.
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Os dados levantados pelo Sebrae mostram que as empresas comandadas por mulheres tendem a ser menos diversificadas e ter potencial reduzido de internacionalização. Para fugir das estatísticas pessimistas, a empresária, que por mais de dez anos atuou como supervisora de marketing, busca constantemente formação.
— Eu estou sempre fazendo muitos cursos e fomentando grupos de empreendedorismo feminino e materno, principalmente. O que eu tenho percebido com o Sebrae DELAS Mulher de Negócios é que estão trabalhando muito com o resgate da mulher, de se aceitar e se entender. Primeiro organizar a sua vida para depois começar a colocar a empresa nos trilhos. Participar desse projeto está sendo diferente, é olhar de outra maneira para minha empresa — comenta.
As atividades do Circuito Empreendedorismo Feminino com Propósito vão até novembro de 2020. As inscrições já estão encerradas, porém as mulheres que desejarem ampliar os conhecimentos sobre empreendedorismo terão a oportunidade de participar de eventos paralelos, abertos ao público.
Informações também podem ser solicitadas pelo e-mail: sebraedelas@sc.sebrae.com.br