Está lá na carteira de trabalho de Antenor Antunes da Silva Neto, 21 anos: bike boy. O posto, assumido há exatos quinze dias, coincide com o tempo de existência da empresa em que ele trabalha, em Florianópolis, a Bike Leva, primeira no Estado a oferecer exclusivamente o serviço.

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O proprietário Eric Hartmann escolheu a Capital pelo pioneirismo do seu negócio na região e por acreditar que os moradores – e principalmente os empresários – aderem às práticas sustentáveis, ou pelo menos as incentivam.

Ainda com um único funcionário, Hartmann espera, em seis meses, ter um faturamento mensal de R$ 10 mil líquidos, dez vezes mais funcionários e, pelo menos, seis clientes fixos. Por enquanto, cerca de 10 empresas do ramo de turismo, casas noturnas, construtoras e lojas contratam os serviços esporadicamente, conforme a necessidade.

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– Se o serviço é feito (logo após) o pedido, conseguimos realizar a entrega dos documentos ou mercadoria em 20 minutos. Mas se agendamos, a partir do momento que é combinado, não passamos deste prazo – garante o empreendedor.

Entregadores pedalam até 12 quilômetros

Para ser competitiva com as motocicletas, o meio de transporte que concorre com as bikes, a entrega das mercadorias é feita nas proximidades do Centro e o biker, como é chamado por Hartmann o profissional que faz as entregas, pedala no máximo 12 quilômetros. Especialmente onde há muita gente e veículos, o funcionário garante que chega mais rápido do que os carros e motoboys.

– Não tem como ser mais rápido do que eu em horário de pico, porque não fico preso em sinaleiras e não preciso me preocupar com estacionamento – explica Neto, que utiliza a própria bike para o trabalho.

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Trânsito ajuda na hora de escolher pelo tipo de serviço

Uma das clientes que aprovou o serviço é a Açoriana Turismo. Jane Balbinotti, diretora da Açoriana, conta que trabalha com duas empresas de entrega com moto, mas que prefere a bicicleta. Para ela, mais do que o preço, o diferencial do serviço é pensar na questão ambiental e na redução do congestionamento.

– O preço depende da distância que contratamos, mas percebemos que andar pelo Centro, em um raio de cinco quilômetros, acaba sendo mais econômico que utilizar o serviço do motoboy. Enquanto com bicicleta gastamos uma média de R$ 8, com moto daria entre R$ 10 e R$ 12 – compara.

Quem trabalha com motoboys também sabe da facilidade de levar pequenas mercadorias usando pedaladas. Na Floripa Express Transportes, que conta com cerca de 70 motociclistas, existem duas bicicletas para dar conta das demandas – elas apenas circulam pelo Centro. Ronaldo Loureiro, gerente comercial da empresa, diz que o negócio chegou a ter cinco bicicletas, porém a falta de profissionais com o perfil para trabalhar como biker fizeram o ramo encolher.

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– Tem cliente que só quer contratar os serviços se for de bike, porque vê como alternativa inteligente e ecologicamente correta o seu uso. A bicicleta é vista como um agente facilitador do trânsito e isso pesa mais do que ser um transporte mais barato – Loureiro.

Conheça o serviço

– Quanto ganha o biker: o piso da categoria é de R$ 850.

– Adicionais: seguro de vida, auxílio-refeição, porcentagem sobre o valor total de serviços realizados no mês.

– Abrangência do serviço: no caso da Bike Leva, o serviço é oferecido para os bairros Carvoeira, Trindade, Agronômica, Centro e Saco dos Limões; e no da Floripa Express Transportes, apenas no Centro.

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– Tipo de entrega: mercadorias de até seis quilos, idas ao cartório e ao banco. Além de contratações esporádicas, é possível contratar um biker fixo para o período integral ou meio período.

– Perfil do biker: precisa ser adepto de pedaladas, segundo Eric Hartmann. Além disso, segundo Ronaldo Loureiro, é preciso ter responsabilidade ao levar as mercadorias de um lugar para outro _ característica que muitos de seus funcionários não atendia.

E AFINAL, VALE A PENA PAGAR UM BIKER OU UM MOTOBOY?

– Consultamos duas empresas de entrega com motocicletas e perguntamos quanto tempo levaria e quanto custaria para ir da Prefeitura de Florianópolis até a Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina, localizados nos bairros Centro e Trindade, respectivamente.

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– A primeira empresa, Vento Sul Transportes Rápidos SC, cobraria R$ 16 pelos serviços do motoboy e calculou uma demora de uma hora para a entrega da mercadoria (a consulta para o serviço foi feita às 17h).

– A segunda empresa, Floripa Express Transportes, cobraria R$ 14,50 pelo serviço de motoboy e estimou uma demora entre sete e 10 minutos, mas que poderia aumentar de acordo com o trânsito (a consulta foi feita às 11h30min). Caso fosse necessário voltar para o local de origem, o valor seria maior, a não ser que o retorno fosse ao Centro, única região em que não há cobrança. Os bikers da empresa não fazem este trajeto.

– A Bike Leva cobraria, de acordo com sua tabela de preços, R$ 18 pelo trajeto. Porém, o proprietário da empresa afirmou que, por estar no mercado há pouco tempo, cobraria o preço promocional de R$ 15. O retorno à Prefeitura, caso necessário, seria de R$ 10.

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Fontes: Bike Leva e Floripa Express Transportes