Samuel Griffiths Osborn, 21 anos, define-se como um explorador. Estudante de biologia e artes, ele gosta de escalada no gelo e canoagem e se diz preparado para a peripécia de sua vida: embarcar em 2023 para uma viagem sem volta a Marte.
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Osborn é um entre dezenas de jovens de múltiplas nacionalidades que desde segunda-feira se voluntariam para participar do projeto Mars One.
Se escolhido, o jovem chegaria ao planeta vermelho no auge de seus 31 anos e acompanhado de outros três sortudos que, além de servir de cobaias espaciais, seriam as primeiras estrelas de um reality show sem prazo para terminar nem paredões que mandam os eliminados para casa.
Até o momento, a ideia se assemelha mais a um roteiro de ficção do que a um projeto científico viável. Tampouco tem o aval de agências espaciais, como a Nasa. Há cerca de oito meses, a agência espacial americana mandou a sonda robô Curiosity, capaz de fazer movimentos e coletar o solo em Marte, mas que ainda não encontrou elementos que pudessem ser convertidos em comida ou oxigênio. Sequer há certeza sobre se um astronauta sobreviveria ao trajeto mais curto entre a Terra e o planeta vermelho. A distância leva cerca de sete meses para ser percorrida.
– A ideia é interessante, mas inviável atualmente, acho. A gente não tem a tecnologia suficiente para criar uma base autossustentável em outro planeta. Nem na Lua, que é mais perto – afirma o brasileiro Nilton Rennó, cientista de missões da Nasa e professor de ciências atmosféricas e espaciais da universidade de Michigan.
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Segundo Rennó, além de as possíveis propriedades agrícolas do solo marciano ainda serem desconhecidas, a própria água disponível em Marte é uma incógnita para os pesquisadores. Escondida sob o solo, em áreas mais próximas das regiões polares, a água marciana pode ter substâncias químicas nocivas ao homem.
– Se investirmos bastante em tecnologia, quem sabe daqui a algumas décadas seria viável uma missão. A ideia é interessante – afirma Rennó.
Mesmo assim, o empresário holandês Bas Lansdorp, já lançou até suvenires e slogans de parceiros em seu site para arrecadar fundos e escolher os primeiros aventureiros. Eles acreditam que podem arrecadar o dinheiro suficiente para a façanha com a transmissão do dia a dia na colônia pela TV. O custo é estimado é de US$ 6 bilhões.