Quem passa pela Coronel Gallotti, uma das ruas principais de Tijucas, tem a atenção desviada para os imponentes e charmosos veículos do Celeiro do Carro Antigo, empresa de marcenaria automotiva que restaura veículos clássicos, a maioria originais das décadas de 1920 a 1950, utilizando madeira como principal material de acabamento.

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Grande entusiasta dos Woodies, como são conhecidos esses modelos, o proprietário Gilberto D’Ávila Rufino, 63 anos, explica que até o início dos anos 1900 os carros eram como carruagens sem cavalos e tinham a madeira como o mais importante material de sua estrutura. Foi somente por volta de 1945 que o metal foi incorporado à indústria automotiva.

Aos 20 anos Gilberto comprou seu primeiro carro antigo, um Ford A 1929. Em meados da década de 1990, então estabelecido doutor em Direito Ambiental e Urbanístico, o empresário retomou a paixão pelos veículos clássicos ao comprar um Chevrolet Coupé 1940. Um ano depois mandou restaurar um Buick 1926 e assim foi até que, em 2003, resolveu oficializar a brincadeira e investir no mercado de luxo de veículos clássicos.

– A madeira é um material versátil, durável e sustentável, além de ter um enorme potencial como insumo para a indústria, o que é importante para o país. Sem falar que as espécies brasileiras são fabulosas e muito variadas.

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O nome Celeiro vem do fato de que a maioria dos carros de Gilberto foram encontrados por colecionadores em bom estado porque estavam guardados, ou mesmo abandonados, em galpões fechados. Hoje, a maioria dos carros do Celeiro têm portas, volante, teto e painel em madeira.

Confira a galeria com fotos do Celeiro do Carro Antigo

Morador de Florianópolis, o colecionador foi atraído para Tijucas por encontrar ali mão de obra qualificada em marcenaria e em mecânica. Hoje ele se dedica a localizar carros que possam ser recuperados e revendidos, sempre mantendo contato com outros apaixonados pelo setor, e faz serviços para clientes de diversas regiões do país que encontram no Celeiro um trabalho artesanal único.

O marceneiro Ezequiel Lucinda, responsável pelas obras-primas, já havia trabalhado com Gilberto de 1997 a 2000, e há três anos deixou a construção de embarcações da família para apurar suas habilidades na restauração de Woodies.

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– A gente estuda a maneira como tudo era feito originalmente, para refazermos da mesma forma. Também guardamos todas as peças originais para compararmos com as que produzimos – explica Lucinda. O resultado final fala por si.

Assista a um vídeo com o proprietário da empresa, Gilberto Rufino

Memória automotiva

Parte dos veículos do Gilberto Rufino ficam em um antigo imóvel histórico restaurado, onde também funciona a marcenaria do Celeiro. O plano do empresário é transformar o espaço, localizado quase em frente ao Casarão Gallotti, em um Centro da Memória da Marcenaria Automotiva e manter permanente a exposição Woodies do Brasil.

Para demonstrar aos visitantes como a madeira participou da história da indústria automotiva no país e no mundo, a coleção de veículos e de peças será distribuída em seis espaços diferentes e separada por categorias, marcas e época. Alguns carros serão expostos nas condições em que foram encontrados, outros servirão para explicar o processo de restauração. A marcenaria também ficará aberta à visitação.

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O centro contará ainda com galerias de imagens, uma sala multimídia e um espaço dedicado à cidade de Tijucas. A ideia de Gilberto é inserir o museu em roteiros turísticos da região, que incluiria uma visita à ponte de ferro sobre o Rio Tijucas. Tudo feito a bordo de veículos antigos.

O projeto está bem estruturado e foi apresentado à prefeitura do município. Por enquanto, Gilberto planeja abrir em breve o espaço com os carros e a marcenaria para o público e aos poucos ir estruturando o museu. Primeiramente serão colocados recursos próprios, depois o empresário vai tentar captar investimentos públicos. Acesse o site e confira os modelos à venda www.celeirodocarroantigo.com.br.