Quatorze dias parados, 62,5 toneladas de leite e derivados jogados fora e pelo menos R$ 2 milhões em prejuízo. Estas foram as consequências de um descuido na higienização do equipamento que realiza a pasteurização do leite pela empresa catarinense de laticínio Holandês, que em 21 de setembro contaminou 25 crianças de até três anos e um adulto.

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Com as irregularidades detectadas e corrigidas, a fábrica foi desinterditada nesta quinta-feira pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e Vigilância Sanitária de SC. A investigação analisou 233 coletas, destas 8% estava contaminada e todos os resultados depois do dia 21 foram negativos para nitrato e nitrito, o que possibilitou a retomada dos serviços da empresa.

Com a adoção de novas medidas preventivas, a expectativa da Cidasc é de que o mesmo problema não volte a acontecer em fábricas de laticínio de Santa Catarina pelos próximos 30 anos.

Interditada há 14 dias, a empresa precisou se mobilizar para reverter a situação. Duas assessorias foram contratadas, uma para auxiliar na produção e outra no manejo dos equipamentos. Além disso, com a reabertura das portas nesta quinta-feira, a Cidasc também irá alterar a rotina de fiscalização. As inspeções serão diárias por um inspetor da empresa e quinzenais pela companhia, que também fará uma auditoria por mês. A Cidasc instaurou dois processos administrativos para analisar a necessidade de se aplicar uma multa à empresa.

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– Este controle permitirá que acidentes como este não voltem acontecer em nenhuma fábrica de laticínio do Estado até porque este tipo de contaminação é raro – diz o gerente estadual de inspeção da Cidasc Sergio Silva Borges.

O médico-veterinário da fábrica, Luiz Simas Custódio, diz que a produção voltará à normalidade ainda esta semana, envolvendo 80 funcionários, que estavam sem trabalhar por conta do problema, e 660 produtores de leite que fornecem a matéria-prima à fábrica. A produção diária de 30 mil litros de derivados e 20 mil litros de leite, segundo ele, será retomada imediatamente.

Todos os produtos com data de fabricação a partir deste dia 4 de outubro estão liberados para o consumo.

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Medidas adotadas para evitar novas contaminações

– Inutilização de 35 mil toneladas de derivados como queijos e iogurtes produzidos de março a 21 de setembro.

– Inutilização de 27,5 mil toneladas de leite produzidos de março a 21 de setembro.

– Alterações no controle de produção. As inspeções serão diárias por um inspetor da empresa, quinzenais pela Cidasc que também fará uma auditoria por mês.

– Dois processos administrativos foram instaurados pela Cidasc com prazo de conclusão em 90 dias para verificar a necessidade de multar a empresa ou apontar culpados.

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Problemas detectados durante a investigação

– Falha no processo de higienização do equipamento de pasteurização do leite.

– Falta de água no dia da contaminação contribuiu para a alta concentração de nitrato e nitrito no leite.

– Falha na vedação de uma borracha que deveria impedir a passagem do nitrato e nitrito ( presentes nos produtos de limpeza) para o leite.