Paula Franzoni conta que sempre gostou da possibilidade de empreender, mas não passava das ideias. Até que um dia assistiu a um vídeo que a impactou: mostrava uma tartaruga com um canudo de plástico no nariz. Lembrou do próprio consumo e de como nunca pensou no impacto que poderia causar. Com o apoio do namorado, Daniel Midões, seu sócio, surgiu a Reuse, empresa que começou produzindo um modelo de canudo de inox e, menos de um ano depois, já oferece diversos outros produtos, que em comum têm o objetivo de incentivar mudanças.
Continua depois da publicidade
— Minha ideia não era me tornar uma ‘ecochata’, mas criar alternativas. Nossa proposta é ser um facilitador: aquela ação não vai mudar muito nosso dia a dia, mas possibilita aos poucos uma mudança maior, conforme tomamos gosto e nos conscientizamos — comenta Paula.
Até chegar ao canudo de inox, Paula estudou diversas outras possibilidades:
— Pensei em vidro, mas achei arriscado, porque crianças também usam. Pensei também no bambu, mas seria mais úmido. Lembrei então da bomba de chimarrão, que é de inox, um material utilizado em talheres, que é higiênico e suporta altas temperaturas — explica a empresária.
Continua depois da publicidade

Paula é formada em sistemas de energia e Daniel é formado em gestão comercial. No início, em abril de 2018, ambos conciliavam com outro emprego, mas o crescimento foi tão rápido que logo Daniel passou a se dedicar integralmente à Reuse, enquanto Paula segue conciliando com outro trabalho. Com a expansão também vieram as dúvidas sobre o negócio, o que os levou a procurarem a consultoria do Sebrae/SC.
— Todo empreendedor acha que sabe administrar. O preço, por exemplo, eu olhei para o Daniel e falei: ‘vai ser R$ 12, acho que dá’, sem ideia nenhuma. Hoje estamos vendendo por R$ 10, mas agora com noção financeira — lembra Paula.
Conforme a empresária, a consultoria trouxe uma maior profissionalização ao trabalho, quando decidiram formalizar o negócio como MEI.
Continua depois da publicidade
— Foi um divisor de águas. Na consultoria indicaram fazer um curso de análise financeira, que fez toda diferença. Antes, todo dinheiro que entrava ia para minha conta pessoal e eu usava no dia a dia, como renda extra. Depois, começamos a separar e trabalhar de forma mais profissional. Determinar preço, fazer balanço e trabalhar em cima dos números — comenta ela, explicando que as mudanças foram essenciais para o crescimento e a expansão.
— A consultoria do Sebrae/SC incentivou a investir o dinheiro, ao invés de receber e gastar. A gente começou determinar preço, produto e público alvo — observa.
Reconhecimento e inovação da linha de produtos
A empresária ainda se surpreende com os resultados. O primeiro lote, em abril de 2018, tinha apenas 80 canudos, vendidos principalmente para amigos. Pouco mais de um ano depois, calcula que já venderam cerca de 15 mil canudos.
Continua depois da publicidade
Na época, segundo ela, praticamente não havia concorrência. Com a aceitação rápida do público e a proibição de canudos de plástico em diversas cidades, sabia que o número de empresas fabricando cresceria. Decidiu apostar em exclusividade: foi atrás de ourives para personalizar o canudo com o nome da empresa. Buscou artesãos para produzir cases para guardar o canudo e também buscou uma opção de escova para fazer a limpeza.
Além disso, a empresa nunca parou no primeiro produto. Depois do tradicional canudo, reto, introduziram outro com um bico de silicone, para bebidas quentes. Ao estudar o mercado, também perceberam que algumas pessoas têm dificuldade de utilizar o modelo reto, então pensaram em um curvado.
— Começamos entender a demanda e responder a ela. Começamos a desenvolver a escova de dente de bambu, material já utilizado em utensílios de cozinha, totalmente natural e com uma matéria-prima muito fácil de conseguir, já que o bambu cresce até um metro e meio por dia — explica a empresária, que desenvolveu ainda uma sacola de algodão cru, que pode ser enterrada e dissolve na terra, além de um modelo de copo de silicone.
Continua depois da publicidade

Em breve deve lançar um hashi de inox, para substituir o descartável, que é de madeira, mas vem em uma embalagem plástica.
Outra preocupação dos empresários foi a apresentação dos produtos: “nos preocupamos com a ‘carinha’ deles, em trazer uma apresentação agradável”, comenta.
Também começou a investir em pontos de venda, sendo que os primeiros eram com produtos consignados.
— Sabíamos que era uma novidade, que os comerciantes teriam receio, então deixávamos sem a obrigação da venda, mas acreditando que iria vender. Hoje já são 40 pontos de venda só em Florianópolis — comemora Paula, que prevê um crescimento ainda maior para a empresa, embora prefira focar no trabalho constante e aguardar os resultados de forma orgânica:
Continua depois da publicidade
— Acho que a gente nunca pensa a proporção que pode tomar. Às vezes somos tão inseguros nas ideias e outras vezes temos certeza que vai dar certo e podemos nos frustrar. Melhor é colocar em prática e ir tentando, sem se deslumbrar demais, mas também ser ter medo — finaliza.