A partir desta quarta-feira, o Diário Catarinense publica uma série de reportagens e testa se as medidas de segurança exigidas pela Capitania dos Portos e do Corpo de Bombeiros para atividades aquáticas de lazer estão sendo cumpridas no litoral catarinense.
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As reportagens vão avaliar outros serviços de banana boat e também verificar escunas, esportes de verão e até parques aquáticos – a escolha da empresa e da atividade de lazer para a largada da série, assim como para a sequência dela, é aleatória.
Para enviar sua sugestão de locais que podem passar pelo teste, envie um e-mail para reportagem@diario.com.br
Na manhã de sexta-feira passada, a reportagem do Diário Catarinense participou, sem se identificar, do passeio de banana boat na Praia de Canasvieiras, Norte da Ilha, em Florianópolis. A empresa JGS Náutica, uma das três com licença para operar na praia – as outras são Jalmor Brasil Soares Me e Boom Náutica -, passou em quase todos os itens de segurança exigidos pela Capitania dos Portos, exceto pelo fato de não ter orientado os passageiros sobre como funciona o passeio nem fornecido dicas de segurança. Segundo a Capitania dos Portos, a JGS – escolhida aleatoriamente para o teste – não tem histórico de problemas.
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Como está a segurança nos passeios de Banana Boat?
A reportagem chegou às 8h50min à Praia de Canasvieiras. No posto da JGS Náutica – instalado sobre a areia, na altura da Avenida das Nações -, três funcionários preparavam os coletes salva-vidas. O primeiro passeio só sairia quando juntasse uma turma de pelo menos oito pessoas, o que aconteceu às 10h50min.
Segundo o proprietário da JGS, Juceimar Gualberto Soares, é praxe as três empresas licenciadas em Canasvieiras revezarem o serviço para não deixar o turista esperando. Para participar, a reportagem pagou R$ 40 por dois ingressos e precisou deixar o nome na lista de passageiros. Um dos funcionários distribuiu os coletes e os vestiu em cada passageiro, mas não foram dadas instruções sobre medidas de segurança para evitar acidentes.
Derrubar passageiros é proibido, diz Capitania
Nenhum funcionário auxiliou os passageiros a subirem no brinquedo – o que seria uma gentileza com o cliente. Porém, este procedimento não é uma exigência da Capitania. Havia tiras de tecido presas à banana para se agarrar. A embarcação seguiu rumo ao mar em velocidade. As curvas eram leves, de ângulo aberto, e obrigavam aos passageiros a agarrarem firme as tiras de segurança. Mas as manobras não foram o bastante para desequilibrar e derrubar os passageiros, o que é proibido por lei.
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Na metade do passeio, o barco se aproximou da Ilha do Francês. Um dos funcionários gritou para o grupo saltar no mar, mas não advertiu para ter qualquer cuidado. Todos se lançaram à água. Como o fundo tem conchas marinhas e o local de parada não era profundo o suficiente, um casal reclamou ter se chocado contra o banco de areia no salto, mas não se feriu.
Durante os cinco minutos de pausa, os dois funcionários permaneceram no barco. Na volta, a banana fez o trajeto inverso rumo à praia e evitou, mais uma vez, manobras arriscadas. Depois de 20 minutos de passeio, a lancha encostou próximo à orla da praia.
O que dizem
Capitania dos Portos
A empresa JGS Náutica está habilitada e cadastrada para explorar o serviço de banana boat, caiaque e passeios náuticos. Chefe do Departamento de Segurança do Tráfego Aquaviária da Capitania dos Portos de Santa Catarina, Juarez Pereira de Melo garante que em novembro todas as concessionárias tiveram de apresentar a documentação das embarcações, dos equipamentos e dos coletes salva-vidas, além de atender a 34 itens de segurança inspecionados.
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Sobre o fato de os funcionários não instruírem os passageiros antes da viagem, Melo afirma que está em desacordo com a normativa e que programará uma inspeção.
JGS Náutica
O proprietário Juceimar Gualberto Soares argumenta que os funcionários foram orientados a repassar as recomendações de segurança para evitar os acidentes. Disse que reforçaria junto à equipe a necessidade de informar os passageiros.
– O que se diz é que a banana não pode virar mais. Não tem justificativa sobre a falta de orientação. Vou conversar com os funcionários e reforçar para que as instruções sejam dadas – promete.
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