Balneário Piçarras está entrando no rigoroso e restrito mercado da aviação comercial. Caminhões-tanques, usados no abastecimento de aeronaves nos aeroportos, começaram a ser produzidos pela empresa Arxo, com tecnologia norte-americana e componentes quase 100% nacionais. A empresa pegou carona no anúncio de investimentos do governo federal na aviação regional e colhe os frutos.

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Os primeiros três caminhões já foram vendidos e a meta é chegar a 50 entregues neste primeiro ano de operação.

O pulo do gato, para a Arxo, foi investir em um mercado que até então tinha apenas um fornecedor no país, instalado no Rio de Janeiro. A empresa de Balneário Piçarras firmou parceria com a norte-americana Bossermann Aviation Equipament, uma das maiores fabricantes de equipamentos para abastecimento nos Estados Unidos, e apostou em uma meta: prazo de entrega mínimo.

O tempo de adaptação dos caminhões é de quatro a cinco meses e o custo do produto pronto varia de R$ 400 mil a R$ 1,4 milhão. Diferente da concorrente brasileira, que importa todas as peças, a Arxo produz grande parte dos equipamentos por aqui, com exceção dos sistemas de cabeamento e medição.

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– Não entramos no mercado para tirar a operação do concorrente, mas para aproveitar a demanda, que é crescente – diz Cidemar Dalla Zen, diretor comercial da empresa.

Crescimento

O processo não é simples. Um caminhão comum, de uso comercial e escolhido pela empresa que encomendou a peça, é adaptado para atender às normas de trânsito e segurança dentro dos aeroportos. O veículo recebe um tanque de alumínio com sistema de filtragem, bombeamento e medição, capaz de abastecer até 30 mil litros de combustível em 10 a 15 minutos, com tecnologia de precisão.

– É uma operação de alto risco pelo volume e a velocidade de abastecimento – afirma Dalla Zen.

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Os primeiros Caminhões Tanques de Abastecimento da Arxo estão operando nos aeroportos do Galeão (RJ) e Confins (MG). A expectativa da empresa é que a demanda chegue a 200 veículos adaptados por ano apesar da durabilidade dos caminhões, que operam por até 20 anos.

A empresa acredita que em cinco anos o faturamento obtido com a venda dos caminhões ultrapassará o dos tanques jaquetados, hoje a maior fonte de renda da companhia, que deve faturar este ano R$ 140 milhões.

De oficina a fornecedora

A história da Arxo começou como uma pequena oficina em Itajaí, na década de 1970. Consertava tanques jaquetados, usados em postos de combustíveis, até que passou a produzi-los.

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Mudou a sede para Balneário Piçarras em 2008 e nos últimos anos assumiu liderança no mercado. Fornece 70% dos tanques usados em postos no país e ampliou a atuação. Hoje, além de tanques de catálogo, faz projetos sob medida para empresas como a Ambev, que encomendou um gigantesco equipamento para produção de bebidas. A empresa investiu também no mercado da exploração petrolífera. Pegando carona na exigência de certificação para equipamentos a serem usados em plataformas, desenvolveu contêineres especiais, que suportam condições extremas.

Entre os projetos mais desafiadores está a construção de tanques-trenós para etanol, que foram instalados na estação brasileira na Antártica, Comandante Ferraz.