O DC testou se as medidas de segurança são cumpridas em um serviço de aluguel de caiaque de Florianópolis. Esta reportagem integra a série que irá avaliar outras atividades aquáticas de lazer no litoral de SC.
Continua depois da publicidade
> Envie sua sugestão de local que pode passar pelo teste para reportagem@diario.com.br
No final da manhã da última sexta-feira, a reportagem do Diário Catarinense escolheu aleatoriamente a Praia da Daniela, em Florianópolis, para o Teste DC na Água. No local, foi avaliado o único posto licitado pela prefeitura para explorar o serviço de caiaque nessa praia. Para uma hora de passeio, foram R$ 15. Os atendentes ajustaram o colete e prepararam os equipamentos e ajudaram a reportagem a embarcar. No entanto, não orientaram sobre os limites e o risco da prática, tampouco sobre como se comportar ao cair. Dos nove itens recomendados por especialistas, normas técnicas, Capitania dos Portos e legislação municipal, a empresa descumpriu quatro.
Continua depois da publicidade
Confira o vídeo sobre a segurança dos caiaques
Entre os perigos que envolvem o esporte estão o choque contra banhistas ou pedras, afogamento e a chance de afastar da costa e ficar à deriva. No último dia 15, cinco jovens foram resgatados pelo Corpo de Bombeiros no manguezal do Bairro Itacorubi. Após o temporal, o grupo se perdeu e precisou ser rebocado. Em janeiro do ano passado, duas pessoas ficaram à deriva a um quilômetro da orla, entre a Ilha do Francês e a Ponta de Canasvieiras. Os caiaques afundaram porque acumularam água.
No posto de praia da Daniela não havia nome nem telefones, ou identificação do responsável. O vento contrário e as ondas que começaram a se formar dificultaram o percurso e empurraram os caiaques até uns 200 metros para dentro da área dos banhistas. Nenhum funcionário se manifestou para ajudar a retomar a rota. Uma informação imprescindível a quem navega no caiaque é jamais largar o remo na queda, pois é o principal instrumento para evitar ficar à deriva. Após cair do barco, a reportagem percebeu que, sem a orientação adequada, é quase impossível subir de volta com o remo nas mãos em águas profundas.
O caiaque oferecido é do tipo aberto, como recomendável aos iniciantes. É um tipo de embarcação livre da obrigação de ser inscrita na Marinha, o que dificulta o controle e a fiscalização. A prática da canoagem também não tem norma específica, mas empresas de ecoturismo que oferecem o serviço são regidas pelo Sistema de Gestão e Segurança da Associação Brasileira de Normas Técnicas, adotado pela Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta) e pelo Ministério do Turismo. Especialista em caiaque oceânico, Gelderson Pinheiro alerta para a necessidade do monitoramento constante dos praticantes por parte da empresa responsável.
Continua depois da publicidade
– Muitas vezes essas empresas nem sabem os riscos que envolvem a atividade e não têm visão do turismo – avalia.
Secretário executivo de Serviços Públicos, Acácio Garibaldi argumenta que a fiscalização focou somente ações emergenciais nas praias, mas promete repassar aos fiscais a necessidade de vistoriar o cumprimento das normas. A Capitania dos Portos prometeu reforçar as orientações às locadoras do serviço.
O que diz
Responsável pela empresa, Valdir da Rocha Silveira afirma que os funcionários são instruídos a seguir os procedimentos e admite que falharam em não dar as orientações de segurança, limite de navegação e as condições do mar.
Continua depois da publicidade
– É que o pessoal (turistas) brinca, pula do caiaque. Talvez eles (funcionários) acharam que vocês estavam brincando. Muitas vezes a gente pega o barco de apoio e vai lá e resgata o caiaque, mas eles dizem que estavam só brincando.
Quanto à lei municipal que obriga pegar dados dos clientes antes de entrar no mar, diz desconhecer a norma e discorda:
– Na verdade a prefeitura nunca nos exigiu esse tipo de serviço. E a gente está ali, vendo toda a movimentação. É inviável, mas, se for obrigado, vou ter que botar um funcionário só para pegar o nome das pessoas.
Continua depois da publicidade
Segundo a Capitania dos Portos, a empresa tem bom histórico de cumprimento das normas.