Representantes da empresa Serrana Engenharia teriam utilizado um avião para comparecer a encontros para suposto pagamento de propina a agentes públicos. A informação consta na investigação da Operação Mensageiro, que apura o suposto esquema de corrupção em contratos de coleta e transporte de lixo em cidades de Santa Catarina.
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Os registros estão no relatório da investigação do MPSC contra o prefeito de Lages, Antônio Ceron (PSD). Na quinta-feira (11), ele teve a denúncia aceita e se tornou o sétimo prefeito réu da Operação Mensageiro.
Há pelo menos três ocasiões em que dirigentes da empresa teriam se deslocado de avião de Joinville para Lages. Segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), essas viagens teriam ocorrido para participar de reuniões com secretários da prefeitura de Lages Em pelo menos um desses encontros, ainda segundo o MPSC, teria ocorrido o pagamento de propina, levada em uma mochila.
As três viagens teriam ocorrido entre fevereiro e novembro de 2022. O primeiro desses voos foi na data em que, segundo a investigação, a empresa ofertou um pagamento de R$ 800 mil ao prefeito Antônio Ceron para vencer a licitação para o serviço de iluminação pública em Lages.
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Em outros encontros narrados pela investigação, os deslocamentos para encontrar agentes públicos com suposto pagamento de propina eram feitos de carro, pelo empresário apontado como “mensageiro” e pivô da operação.
A aeronave utilizada nesses deslocamentos é um Cirrus modelo SR22, fabricado em 2013, que tem a Serrana Engenharia como operadora registrada no sistema da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Contraponto
Em nota enviada à reportagem, a Serrana Engenharia informou que “todos os seus esclarecimentos e manifestações serão realizados exclusivamente nos respectivos processos da Operação Mensageiro”.
A defesa do prefeito afastado de Lages, Antônio Ceron, divulgou uma nota afirmando que o ele nunca “respondeu ação penal alguma, nunca teve suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado” e que “é inverídica qualquer alegação de que haveria superfaturamento nos processos de contratação do serviço de coleta de lixo”.
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A nota continua dizendo que “não há absolutamente nada que, minimamente, ligue o Prefeito Antônio Ceron aos fatos criminosos ora sob investigação”, e que o prefeito não é mencionado nos depoimentos sobre o suposto esquema criminoso. “Assim, a defesa insiste que no caso dos autos, constata-se que a absoluta falta justa causa para a ação penal, pois não há indícios mínimos de autoria e materialidade da suposta prática dos crimes imputados ao Requerido e toda a denúncia foi baseada, de forma exclusiva e equivocada (equivocada, uma vez que o nome do Requerido sequer é mencionado), na palavra dos colaboradores”, diz um trecho da nota.
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