À medida em que seu marido ascendia na empresa, Colette Young percebeu que as mulheres de outros executivos lhe pediam conselhos: “Qual a roupa mais apropiada para um encontro de trabalho fora do escritório?” ou “Como posso lidar com um marido viciado em seu BlackBerry?”. Continua depois da publicidade
Foi assim que Colette, casada há 20 anos com Larry Young, executivo de uma empresa americana de bebidas, montou seu próprio negócio. O folheto de sua empresa explica claramente a que ela se dedica: “Na ExecuMate nos concentramos em ajudar os executivos a fazer sucesso. Acreditamos que um cônjuge dedicado e atencioso pode contribuir enormemente para esse sucesso e, mais além, para o sucesso da empresa em geral também”.
Colette Young já deu diversas palestras desde que fundou a ExecuMate no ano passado, destacando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, atitude e comunicação entre o casal. Também já prestou sessões pessoais de assessoramento, cobrando cerca de US$ 300 a hora ou estabelecendo contratos a longo prazo de US$ 15 mil a US$ 20 mil. Continua depois da publicidade
– Como cônjuge, a primeira coisa a se fazer é saber responder às nossas próprias necessidades e às do seu lar – diz Young. – Você é como o diretor-executivo do seu lar, ainda que ambos tenham uma carreira profissional. Você precisa se responsabilizar por suas emoções, por sua família e pelo seu futuro.
Os conselhos são para qualquer cônjuge de empresário, e apesar de ter assessorado em sua maioria mulheres, Colette afirma também já ter ajudado homens. Os conselhos dela incluem lembrar o cônjuge a manter uma atitude positiva sobre mudanças profissionais, que podem incluir morar em outra cidade, e ser compreensivo quando o marido trabalha muitas horas, chega exausto em casa e nunca se desconecta de seu celular.
– Como cônjuge, nunca se pode dizer “Desliga esse BlackBerry!”. É preciso entender que parte desta vida é dedicar-se ao trabalho nos sete dias da semana – afirma Young.
Para alguns, conselhos sobre como ser um bom “cônjuge corporativo” parece ser algo antiquado. Warren Bennis, professor de ciências empresariais da Universidade de Southern California, diz que muitas mulheres de hoje em dia têm suas própias carreiras e que seu único papel como “cônjuges corporativas” é comparecer a alguns eventos sociais fora do escritório. Continua depois da publicidade
– Minha reação é considerar um conceito muito antiquado pensar que um empresário e sua mulher estão de alguma maneira grudados. Creio que hoje eles estão mais desconectados do que nunca.
Mesmo assim, há quem diga haver um lado prático neste asunto. Betsy Gelb, professora da faculdade de ciências empresariais Bauer da Universidade de Houston, diz que ninguém consideraria esquisito comparecer a aulas de técnicas de negociação ou consertos do lar, assim como não deveria causar tanto espanto aprender a ganhar qualidades como cônjuge de um empresário.
Colette Young admite que muitos cônjuges têm suas próprias carreiras profissionais, mas garante querer lembrar aos que não as têm que se dediquem a algo que queiram fazer.
– Realmente penso que devem conhecer a si mesmas e encontrar sua paixão. Não serem simplesmente esposas – diz Young, que tem 53 anos e uma licenciatura e mestrado em educação musical e pós-graduação em treinamento musical e assessoria. Continua depois da publicidade
Quando se casou com Larry Young, Colette Young já havia sido professora de colégio, pianista, cantora e dirigia um negócio como compositora. Quatro anos depois de se casar, o trabalho de seu marido forçou-os a se mudarem para a Polônia e depois para Chicago, Minneapolis e, agora, Dallas.
Colette Young teve dificuldade para encontrar trabalho como professora em Chicago e concentrou-se em terminar de reformar o sótão de sua casa, descobrindo no processo que gostava de fazer reformas no lar. A profissional da música também se dedicou a jogar golfe.
Rosanna Hertz, professora de sociologia e estudos da mulher na Universidade de Wellesley, afirma que uma das razões pelas quais o mundo corporativo capta homens casados é porque suas mulheres podem acabar sendo ativas em sua própria comunidade ou bairro, atraindo clientes. Segundo Hertz, Colette Young está destacando a importância da esposa moderna de um empresário.
– É uma forma moderna de ver o que era um papel antiquado para as mulheres – garante Hertz, acrescentando ser difícil para uma mulher casada com um homem com um alto cargo em uma corporação ter sua própria carreira, ainda mais se o casal tem filhos. Continua depois da publicidade
Já Bettina Aptheker, professora de estudos feministas da Universidade da Califórnia, duvida que uma grande quantidade de conselhos possa agregar significado à vida de alguém. Segundo ela, tem sido difícil há gerações dar sentido às vidas das mulheres, principalmente as que têm uma profissão de que não gostam.
– Ela (Colette Young) está lidando com um problema muito antigo – acredita. – E provavelmente ajuda muito. Mas o que ela oferece não é uma solução, porque ninguém pode viver sua vida através do outro… Está tentando apenas dar ferramentas a outras mulheres que se encontram em situações muito pouco satisfatórias.
Colette Young não concorda. E Jennifer McMichael, mulher de um vice-presidente, também não. Jennifer diz que se sente satisfeita no papel de cônjuge de em executivo e que está impressionada com a atitude positiva de Young.
– Tenho muita paz e felicidade na minha vida – garante Jennifer, de 40 anos, mãe de cinco filhos que trabalha meio turno como assistente dental de um pediatra. – Não me sinto valendo menos porque não viajo ou porque não sou uma executiva. Continua depois da publicidade