Os dados sobre o índice de emprego em Joinville, divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social na última sexta-feira, comprovam o que os joinvilenses já perceberam na prática: as oportunidades estão ficando cada vez mais escassas. O município terminou o mês de janeiro com o fechamento de 77 postos de trabalho, e saldo negativo não é comum para esta época do ano. Desde 2012, os dados mostravam criação de vagas em janeiro. Neste período, em 2015, surgiram 878 postos de trabalho.
Continua depois da publicidade
Leia mais notícias de Joinville e região
O declínio de oportunidades abrange as principais atividades econômicas, como indústria, serviço, comércio e construção civil. O saldo geral é negativo e o setor que mais puxou o índice para baixo foi o comércio. Os outros segmentos ainda contrataram mais do que demitiram em janeiro. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o setor fechou 321 vagas. Em janeiro de 2015, o comércio também foi o vilão, com fechamento de 282 postos de trabalho. A indústria de transformação, fortemente atingida pela redução da atividade econômica, gerou 28 vagas no primeiro mês do ano. No entanto, o dado deve ser visto com cautela, pois, em janeiro de 2015, o setor havia gerado bem mais, 459 vagas.
A cidade ainda não deu sinais de recuperação para o recorde histórico de fechamento de 10,3 mil postos de trabalho ao longo do ano passado. O resultado está nas filas que se formam logo cedo nos serviços públicos e privados de recrutamento. Pessoas como Leonel Batista, de 47 anos. Ele trabalhava há seis anos em uma malharia em Joinville. Dois meses atrás, recebeu a notícia de que estava sendo demitido junto com outras 100 pessoas. Agora, busca uma oportunidade em qualquer área.
Continua depois da publicidade
– Eles explicaram que era por causa da crise, mas a gente nunca está preparado – afirmou, enquanto aguardava na fila do Centro Público de Atendimento aos Trabalhadores (Cepat).
Isária Maria, de 47 anos, também está na disputa e não se assusta com trabalho pesado. Já trabalhou como ajudante de pedreiro e operadora de máquina e está pronta para o que der e vier.
– Tenho ensino médio completo, topo qualquer coisa – disse.
Apesar da grande procura por emprego, o diretor executivo do Cepat, Mário José de Souza Leal, explica que as vagas são pontuais. O volume mais expressivo neste ano foi oferecido pela rede de supermercados Condor. As 409 vagas abertas em janeiro estão quase todas preenchidas, segundo Leal. Até semana passada, faltavam algumas posições para pessoas com deficiência e primeiro emprego, explicou o diretor.
Continua depois da publicidade
Outro reflexo do cenário é o aumento do pedido de seguro-desemprego. Em janeiro, o encaminhamento de seguro-desemprego no Cepat subiu 18% se comparado ao mesmo período do ano passado. E os dados parciais de fevereiro indicam mais de mil pedidos, como o de Yasmin Pedroso. Na semana passada, a atendente de telemarketing, de 20 anos, chegou antes das 8 horas para encaminhar a documentação, segurando o bebê de quatro meses, e ainda teve que enfrentar horas na fila porque o sistema estava fora do ar.
Uma palavra faz a diferença
Em tempos de crise, quem procura emprego não faz exigência, aceita trabalhar em áreas diferentes e ganhar até 50% menos do que na posição anterior, conforme recrutadores ouvidos pela reportagem. A lógica é simples. Qualquer coisa é melhor do que não receber nada. A família une a renda e paga as contas básicas enquanto aguarda o mercado melhorar.
Apesar da disposição dos candidatos, o empregador prefere admitir profissionais com experiência na função e formação compatível. Na disputa pelas poucas vagas, o gerente de recrutamento e seleção da RH Brasil, Joanir Schadeck, explica que um currículo bem feito pode fazer a diferença. Ele deve trazer a formação acadêmica, cursos complementares, empregos anteriores e descrever atividades que já exerceu.
Continua depois da publicidade
– Uma única palavra pode fazer com que o candidato entre no processo seletivo – conta Schadeck, referindo-se à capacidade de operar determinada máquina, ou conhecimento em sistemas como o SAP.
O gerente diz que é importante ser objetivo, sem ocultar informação. Sobre experiências anteriores, não basta citar o ano, deve colocar o mês e ano de admissão e de desligamento, segundo ele.
As dicas para procurar
– O Centro Público de Atendimento aos Trabalhadores (Cepat) e o Sistema Nacional de Emprego (Sine) captam as mesmas vagas e não formam banco de currículos. O candidato deve ficar atento às vagas anunciadas e enfrentar fila somente se perceber que se encaixa com o perfil de alguma delas.
Continua depois da publicidade
– Não importa qual o nível hierárquico, a busca pelo emprego começa com o cadastramento do currículo em uma agência de recrutamento – a não ser que o candidato já saiba que a empresa seleciona diretamente. Poucas fazem isso. O cadastro pelo site das agências de RH tem crescido, segundo os recrutadores.
– Intensificar os contatos com profissionais da mesma área de atuação e participar de atividades da entidade de classe ajudam a ser visto e lembrado.
– Fazer o perfil em rede social profissional, como LinkedIn também pode ajudar. E não há problema em citar que está em busca de recolocação no mercado.
Continua depois da publicidade
– Quem mira uma empresa em especial, deve visitar o site das agências de recrutamento para descobrir quem são seus clientes. Nesta busca, vai descobrir com que agência a empresa almejada trabalha e poderá mandar o currículo diretamente para esta agência.
– Quem ainda está empregado, mas teme que não ficará por muito tempo, também pode enviar currículo para agências de recrutamento.
O que evitar na entrevista de emprego
– Deixar o celular ligado.
– Chegar atrasado.
– Ficar mexendo em objetos (caneta, por exemplo) durante a conversa com o recrutador.
– Mentir na entrevista.
– Vestir-se de forma inapropriada.
A roupa
Terno e gravata são ideais para funções executivas. Terno e camisa social sem gravata podem ser uma boa opção para cargo gerencial. Quem busca oportunidade na fábrica, deve dar preferência para calça jeans e camiseta, no caso dos homens. Mulheres devem ser discretas na roupa e não exagerar na maquiagem. Se conhecer alguém que trabalha na empresa, pergunte como as pessoas lá dentro se vestem antes de decidir a roupa.
Continua depois da publicidade