FGTS, seguro desemprego, hora extra, adicional noturno. Estes benefícios, tão comuns ao assalariado brasileiro, poderão fazer parte do rol de direitos das empregadas domésticas. Bom para elas, ruim para os patrões, que agora terão mais gastos. O senador Roberto Requião (PMDB) é um dos parlamentares que temem um aumento no desemprego por conta desses novos encargos.

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Márcia Maria Salles trabalha há oito anos com a mesma família. Se fosse despedida, poderia sair sem nada nos bolsos, caso seus patrões não optassem por pagar seu fundo de garantia e INSS. Há três anos ela tem carteira assinada e recebe os benefícios, que dariam a ela algum suporte em caso de demissão. Com a PEC das empregadas, ela pode ter direito também ao seguro desemprego.

Informalidade é aceita

As conquistas, porém, não são para todas. Requião disse em plenário que 73,7% das empregadas trabalham na informalidade. Márcia afirma que mesmo se seus patrões resolvessem não cumprir a lei, ela continuaria trabalhando ali. Isso se deve ao que ela garante ser um bom ambiente de trabalho.

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– A gente cria uma amizade com o patrão, ganha confiança e respeito. É melhor do que trabalhar em firma – opina a doméstica.

Antes, Márcia trabalhava em uma fábrica, mas a empresa fechou e ela teve de arranjar outro emprego. No início, ela viu com receio o fato de ter de trabalhar como doméstica. Achou que iria ser ofendida pela patroa, como se vê na televisão. Também pensou que iria “estar dando um passo para trás” na sua carreira, mas viu que estava equivocada. Inicialmente, recebia apenas o salário, mas, depois de ganhar confiança, falou com o patrão e pediu o pagamento do fundo de garantia e do INSS. Agora ela tem todos seus direitos garantidos, mas antes trabalhou cinco anos na informalidade.

Ainda há o que conquistar

Márcia já trabalhou como costureira em uma fábrica, onde era discriminada e sofria com “piadinhas”. Hoje é muito bem tratada pelos patrões. Por outro lado, sofre preconceito fora do trabalho. Ela conta que mesmo as pessoas que têm uma boa impressão ao conhecê-la, se afastam ao saber que ela é doméstica. Mesmo assim, ela afirma ter orgulho da profissão.

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