O caso do Palazzo di Venezia, no Córrego Grande, em Florianópolis, ainda tem mais um agravante, em uma situação que estaria ocorrendo também em outros empreendimentos em Santa Catarina. A obra está parada há meses e, conforme compradores, a Caixa não teria cumprido com a obrigação de acionar o seguro existente para que outra construtora concluísse a construção diante da incapacidade da Álamo.
Continua depois da publicidade
No início de 2016 a situação financeira da Álamo se agravou, funcionários foram demitidos e os proprietários pediram que a Caixa acionasse o seguro porque as obras estavam sendo paralisadas. Em fevereiro do mesmo ano a empreiteira enviou um ofício comunicando à Caixa que não tinha mais condições de tocar a obra e que ela foi paralisada.
A Caixa, em vez do seguro, fez um termo aditivo e liberou mais dinheiro à construtora. O documento, inclusive tem a afirmação da Caixa e da Álamo que a obra foi paralisada. Em fevereiro de 2017, houve uma reunião na Superintendência da Caixa e, de acordo com relato de clientes do Palazzo, o banco admitiu que repassou dinheiro à Álamo, em vez de acionar o seguro.
Ainda conforme os compradores, extra oficialmente pessoas ligadas à construtora e ao banco afirmam que o seguro agora será ou foi acionado, mas ninguém sabe quando e em que condições. Enquanto isso, as 128 famílias que investiram no residencial acumulam prejuízos e problemas decorrentes do atraso. Há compradores em situações diversas: os que quitaram suas unidades, os que financiaram e foram obrigados a pagar um excedente imprevisto de juros ao banco e os que estavam prestes a financiar e tiveram os processos interrompidos pelo impasse. Muitos recorreram à justiça, acionando a Álamo e a Caixa.
Continua depois da publicidade
— Era pra ser a maior obra da Álamo e simplesmente começaram a diminuir o ritmo, mas nunca admitiram que iam parar. Eu vendi o apartamento em que eu morava, que é do lado do Palazzo, e tive que entregar pra pessoa que comprou, não podia mais adiar. Fomos morar na casa de uma amiga na Cachoeira do Bom Jesus, sendo que meu filho estuda no Córrego Grande. A gente chegou a mobiliar. O pior é a falta de previsão, não ter nenhuma comunicação formal — diz Aline Vaz, que comprou um apartamento junto com o marido.
A reportagem tentou contato com representantes da Álamo durante uma semana, mas ninguém foi localizado nem houve retorno às ligações. Procurada, a assessoria da Superintendência da Caixa em SC solicitou que os questionamentos fossem enviados por e-mail, mas não houve retorno até esta sexta-feira.