Ozilda Murara tem uma longa história na sua profissão. Começou “bem menina”, como ela mesma descreve, a aprender o ofício de cabeleireira. Isso lá na década de 1960. Após três anos, abriu seu próprio salão, em Guaramirim, e nunca mais abandonou escovas e secadores. Aos 72 anos, Ozilda não imaginava que poderia transformar o seu modo de trabalhar. Foi com incentivo do filho, Marco Murara, coordenador da agência do Sebrae em Jaraguá do Sul, que ela aceitou o desafio e transformou seu negócio.
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Ozilda registrou-se como microempreendedor individual (MEI). A partir daí teve acesso a linhas de crédito, capacitações e estudo. Aprendeu a gerir seu negócio e, com a ajuda da nora e nova profissional do salão, Neusa Amaral, deu um salto em qualidade e rentabilidade. Assim como ela, muitos profissionais autônomos têm observado os benefícios do registro como MEI. A Semana do Microempreendedor Individual, realizada nesta semana, trouxe atividades e destaque para a categoria – e as entidades já sentem os resultados da divulgação.
Segundo Marco Murara, de 30 a 40 pessoas foram atendidas por dia na tenda montada ao lado da Biblioteca Pública. Lá, interessados obtinham informações sobre o MEI e como se registrar, além de poderem participar de oficinas e palestras.
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O diretor do Instituto Jourdan, Marcio da Silveira, conta que nesta semana também houve grande procura na Incubadora do Empreendedor. A estrutura foi criada no ano passado e visa a dar um endereço fiscal para MEIs que não realizam suas funções em suas casas e necessitam de um endereço de trabalho para o registro – como pedreiros, pintores, etc.
A semana, avaliada positivamente, incentiva mais pessoas a aderirem à modalidade, que foi regulamentada em 2008 e trouxe formalização para os trabalhadores autônomos. No Vale do Itapocu, são 4.478 profissionais registrados no Portal do Empreendedor, 2.665 deles apenas em Jaraguá do Sul.
Para Marcio da Silveira, mais que um importante fator econômico, a existência do MEI se justifica, em especial, pelo fator social. Se antes os trabalhadores autônomos não tinham direitos sociais previstos, o MEI trouxe essa garantia: comprovar renda e poder abrir contas em bancos, ter direito a aposentadoria, seguro-saúde e licença-maternidade.
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– Essa categoria trouxe formalidade a milhões de brasileiros.
Dificuldade é o gerenciamento
Para Mauro Murara, uma das principais dificuldades enfrentadas pelos microempreendedores individuais é administrar financeiramente o negócio. Para muitos, o conhecimento de métodos de gestão é considerado supérfluo. É o caso de Ozilda. Ela mesma admite a dificuldade inicial:
– Eu achava que não teria importância, que não iria adiantar. Quando resolvi tentar, vi que fazia toda a diferença. Ali começou a transformação.
Além do registro como MEI, Ozilda fez cursos, aprendeu a gerir seu salão e controlar os gastos e entrada de dinheiro. Tomou um empréstimo e mudou o visual do local. E aprendeu, junto com a sócia Neusa, a entender as necessidades das atuais clientes.
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Hoje, três anos após o começo das mudanças, as sócias têm planos de expansão. A sala que abriga o negócio ficou pequena e uma obra deve aumentar o espaço. Outros serviços serão prestados e produtos comercializados. Ozilda também prevê que precisará de ajuda extra, contratando mais ajudantes – nesse ponto, o registro de MEI deixará de valer e ela terá de buscar alternativas jurídicas para sua empresa.
– Faço o que gosto há muitos anos e é muito gratificante ver esse trabalho, ver a transformação nas pessoas. E agora eu, nessa idade, também consegui mudar. É um gás novo muito especial – sorri ela.
Associativismo
Há seis anos, André Sotoriva, 26, criou a Eleve, empresa de papelaria e convites para eventos. Apenas dois anos após a criação ele decidiu inscrever-se como MEI. O tempo foi dado para sentir o mercado e a permanência da marca, que se confirmou. E a inscrição como MEI trouxe benefícios.
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– Mudou a visibilidade, pois eu pude mostrar mais a marca, e também a parte administrativa, de poder emitir nota fiscal. Isso me possibilitou trabalhar com clientes como empresas grandes, o que antes não era possível – explica.
Há dois anos, André faz parte da Associação das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedor Individual do Vale do Itapocu (Apevi). Hoje, ele é diretor de empreendedorismo individual e divulga a importância do registro entre os profissionais da categoria, além de mostrar a importância do associativismo. O grupo está começando um trabalho de pesquisa para levantar as principais dificuldades dos empreendedores, e há um projeto para prestar consultoria aos novos integrantes do ramo.