A inovação é sinônimo de sobrevivência para muitas pequenas e microempresas, principalmente quando a economia do País anda mal. Sem contar que continuar com antigas práticas frente a um turbilhão de novidades também é um risco que, em geral, os empreendedores de Joinville não querem correr. Mas como inovar sem os mesmos investimentos de grandes empresas? O segredo, segundo os próprios inovadores, está na criatividade e uma boa dose de coragem.

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Com zero de tecnologia e muita mão na massa, Eliana Gabriela Perez Alvarez, 27 anos, e Kristhian Lenoch, 37, mudaram a forma como trabalhavam e garantiram que o negócio do casal saísse do vermelho e voltasse a dar lucros. Hoje, eles fazem parte das boas estatísticas que colocam Joinville na quarta posição do ranking das cidades mais empreendedoras do Brasil, atrás somente de São Paulo, Florianópolis e Campinas.

Quando compraram a padaria na região central da cidade, Eliana e Kristhian viram o movimento ficar cada vez mais fraco e insuficiente para manter a estrutura e os 16 colaboradores.

– Estávamos prestes a fechar as portas. Passamos dois meses de pura angústia, buscando conselho com familiares, clientes e amigos – lembra Eliana.

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A primeira decisão para minimizar os prejuízos foi mudar o foco do negócio. Em 2015, o casal encerrou a produção da padaria e resolveu investir em confeitaria. Nascia, assim, o Amigo Paul Café Bistrô, com opções criativas de tortas, bebidas e almoços.

O passo seguinte foi dar uma nova identidade visual para o espaço, mais compatível com o perfil dos proprietários. Eliana começou ganhando duas poltronas, as quais foram reformadas e passaram a ter um cantinho elogiado pelos clientes. Logo, o casal foi levando outros objetos e móveis garimpados de antiquários e imprimindo ao café um estilo retrô, incorporado até na seleção da música ambiente.

– O investimento nas mudanças foi pequeno. Nosso gasto maior foi em lixa e tinta – conta a proprietária, que optou por uma decoração sustentável, aproveitando as próprias habilidades manuais.

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Prioridade ao atendimento

Eliana e Kristhian reduziram o quadro de colaboradores para sete, mas, mesmo assim, têm como prioridade o bom atendimento, que não se restringe apenas ao serviço de alimentação. O Amigo Paul Café Bistrô também realiza sessões de cinema com filmes clássicos e recebe workshops pelo Projeto Paul Lab. O resultado vem em forma de elogios escritos pelos clientes e fixados em post its na parede do comércio.

Os donos do café participam do Agentes Locais de Inovação (ALI), programa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (Sebrae) para incentivar que estas pequenas iniciativas tenham suporte para transformar seus modos de operação. A orientação, segundo a proprietária, foi fundamental para que se preocupassem com questões burocráticas, como o registro de marca.

Incômodo que virou negócio lucrativo

Joinville perdeu um gerente de concessionária e ganhou um inovador há quatro anos, quando Freicy Marcel Oliveira, 37 anos, desenvolveu o primeiro modelo de sua própria marca. O empreendedorismo, no entanto, nada tem a ver com o ramo de automóveis. Oliveira deixou o cargo na gerência para ser dono da Meiameia, fabricante de meias.

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Também não é qualquer peça para os pés que o joinvilense comercializa por meio das representações em Santa Catarina e Paraná e de e-commerce. Oliveira buscou investir na confecção de uma meia social masculina que ofereça mais conforto do que as que existem no mercado, graças à criação de um sistema de microbombeamento de ar.

– Em geral, o material das meias sociais masculinas não permite a refrigeração dos pés, causando odores desagradáveis. Eu me sentia incomodado porque precisava vestir traje social diariamente e chegava a ter de usar uma meia de algodão embaixo para ajudar na absorção da transpiração – relata o empreendedor.

Levou pelo menos seis meses para que o primeiro modelo da Meia Premium passasse no teste, depois de 23 tentativas. A criação deu tão certo que ele resolveu lançá-la também em versões femininas e esportivas.

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– A intenção era atender a uma necessidade minha e, como sou um inconformado, resolvi fazer por mim mesmo – orgulha-se Oliveira, que, antes de empreender, chegou a oferecer a ideia para marcas famosas, mas não obteve retorno.

Para colocar a ideia em prática, Oliveira vendeu um carro e contou com o auxílio do Programa Sebraetec, do Sebrae, mas garante que não precisou investir tudo para abrir o próprio negócio. As peças são produzidas por uma confecção terceirizada e, por enquanto, a Meiameia não tem funcionários. Oliveira diz que o sistema de terceirização dos serviços deu certo. Até tempo tem sobrado para ele cuidar da divulgação da marca, que em breve terá sua história contada em um canal próprio no YouTube.