Quando Júlia Macedo escolheu cursar administração, tentava fugir da cozinha. Ao longo da vida, ela não consegue pinçar na memória uma fase em que não tenha cozinhado. Criada em uma família de ascendência italiana, cresceu cercada de gente fazendo massa. Até dois anos atrás, levava isso como hobby, mas resolveu tentar fazer da culinária sua profissão.
Continua depois da publicidade
Negócios por assinatura vendem de cuecas a azeites e crescem no país
— Quando chegou a hora do meu TCC (trabalho de conclusão de curso), decidi fazer um plano de negócios para montar uma panificadora. Foi uma forma de fazer um teste comigo mesma – conta.
Leia outras matérias do Gestão de Valor:
Empresa de tecnologia aumenta faturamento após focar em gestão de pessoas
Continua depois da publicidade
Conheça os sete erros mais comuns do empreendedor brasileiro
Sustentabilidade gera ganho para empresas e sociedade
Viajou para São Paulo e fez um curso de um mês de panificação com fermentação natural (levain) com Rogério Shimura, um dos maiores especialistas do ramo no país. O restante do conhecimento de Júlia foi o acumulado ao longo de anos de cozinha caseira e leitura de livros.
Para não arcar com a abertura de uma loja, a assinatura parecia uma boa solução: os clientes podem pagar uma mensalidade e receber a cada semana um pacote com pães especiais. Um quarto sem uso na própria casa se transformou em padaria após investimento de R$ 20 mil em três equipamentos básicos para poder começar o negócio. A divulgação foi feita toda pela internet. O único material físico é o cartão de visitas.
Deu certo. Depois de um ano da estreia da Pão à Mão Comfort Bakery, Júlia já não dá conta das entregas. Tem uma base de 85 clientes por assinatura, mas há outros que fazem pedidos avulsos semanais. Ao todo, são 25 encomendas toda a semana. Ainda cozinha e administra sozinha, mas as entregas já não são feitas por ela.
– Tive que contratar um motoboy para dar conta. Depois, contratei um segundo e já estou quase precisando de um terceiro – diz.
Continua depois da publicidade
Além da praticidade de receber o produto em casa, as fornadas de Júlia têm um diferencial: a fermentação natural. O pão feito assim tem sabor mais complexo e é mais aromático do que o feito com batimento rápido e fermento biológico seco. Ela também garante que os pães feitos por ela não dão aquela sensação de estufamento, comum quando se come um produto com conservantes, acidulantes e espessantes.
– O pão cresce no frio. Assim, os sabores ficam mais balanceados. É como um molho que você faz e deixa para o dia seguinte, quando os sabores estão mais misturados e intensos. Meu pão leva 24 horas para ficar pronto. É o jeito mais antigo de se fazer a receita no mundo.
A padeira de 22 anos planeja a abertura de uma loja no bairro Santa Mônica, em Florianópolis, ainda este ano. As assinaturas continuarão existindo.
– Quero abrir um lugar onde as pessoas possam ir e se sentir bem, que não seja muito caro, com alimentação de qualidade acessível a todos. Uma das coisas que me deixam feliz é receber as fotos das pessoas satisfeitas assim que a entrega é feita. Quero que elas se sintam como se estivessem comendo um pão feito pela avó.
Continua depois da publicidade
A assinatura mensal da Pão à Mão varia de R$ 96 a R$ 126 para uma entrega na semana, feita às sextas-feiras, com dois pães e um doce, que, segundo Júlia, são suficientes para todo o final de semana. Também é possível fazer pedidos avulsos, por R$ 25 o pequeno e R$ 35 o grande. A entrega é feita praticamente em toda a Ilha e em alguns bairros do continente. Além disso, a Pão à Mão trabalha com encomendas para eventos.