A corrida pelo governo de Santa Catarina nas Eleições 2022 esquentou de vez e promete uma disputa acirrada na reta final da campanha. A segunda pesquisa Ipec contratada pela NSC, divulgada na última terça-feira, dia 20, mostrou um empate entre os candidatos Jorginho Mello (PL) e Moisés (Republicanos), ambos com 20% das intenções de voto. Uma igualdade que deve fazer as campanhas elevarem o tom na última semana antes da votação. Uma amostra disso já foi dada pela dupla no dia seguinte à divulgação da pesquisa, com postagens nas redes sociais tentando atribuir ao adversário intenções de criar pedágios em rodovias estaduais.
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O empate entre Jorginho e Moisés ocorreu depois que o atual governador caiu de 23% para 20% em relação à primeira pesquisa, de agosto – oscilação que fica dentro da margem de erro, de três pontos percentuais para cima ou para baixo. Já Jorginho teve crescimento e passou de 16% no levantamento anterior para os atuais 20%. Não bastasse isso, os outros dois candidatos que aparecem na sequência também estão tecnicamente empatados com a dupla de cima – Esperidião Amin (PP) tem 15% e Gean Loureiro (União), 14%.
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O resultado consolida as mudanças no cenário eleitoral em pouco mais de um mês de campanha. O levantamento deve embasar a postura dos candidatos no debate organizado pela NSC TV nesta terça-feira, dia 27. O programa é visto como ainda mais decisivo em função do equilíbrio que marca a disputa, em um cenário em que 55% dos eleitores dizem que ainda podem mudar de voto até a eleição.
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O cientista político da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Julian Borba afirma que a última semana de campanha deve ter disputas duras dos dois líderes da pesquisa para se manterem nas posições que garantem a ida ao segundo turno. A queda de Moisés é vista como a surpresa da pesquisa. Por isso, pelo lado do governador, a expectativa do professor é de que a campanha fique dividida entre mostrar ações do governo e propagandas negativas mais direcionadas a Gean Loureiro (União Brasil), que cresceu entre as duas pesquisas e teria perfil de eleitor parecido.
– Vejo que os dois estão disputando um eleitorado semelhante. De alguma maneira, o “bolsonarista raiz” parece ter se concentrado no Jorginho e um pouco no Amin, então vejo que ele deve direcionar esforços nesse sentido (voltados a Gean) – afirma.
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Do lado de Jorginho, a expectativa do cientista político é de um reforço da vinculação da imagem a Bolsonaro e uma agenda de propostas, como a promessa de gratuidade em universidades do Sistema Acafe. Além disso, Jorginho também deve receber mais ofensivas dos adversários agora que está na ponta ao lado de Moisés.
Os reflexos na campanha de Moisés
A campanha de Moisés poderia ter motivos para se preocupar após o levantamento, como o fato de o governador passar de 23% para 20% e ver o rival Jorginho igualar a pontuação ou ficar atrás numericamente na simulação de segundo turno contra o adversário do PL – 42% a 36%. Apesar disso, nos bastidores da campanha do candidato à reeleição o clima é de que “o sinal vermelho ainda não acendeu”.
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O grupo defende que a pesquisa tem pontos favoráveis a Moisés. O primeiro seria o fato de o crescimento dos adversários Jorginho e Gean Loureiro ter sido menor que o esperado. Os dois candidatos foram alvos de propagandas de Moisés nos últimos dias. Os vídeos criticavam uma menção à possível criação de pedágios em rodovias por parte de Jorginho e sugeriam ao eleitor pesquisar na internet por polêmicas envolvendo Gean.
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A estratégia deve se repetir na reta final, com o acirramento da disputa. Apesar disso, há uma expectativa de que Jorginho, agora empatado na liderança, fique mais exposto também a ataques dos adversários, em especial de Esperidião Amin.
A campanha de Moisés tem um público-alvo claro para tentar confirmar a ida ao segundo turno. A estratégia se baseia em outro ponto da pesquisa apontado como favorável: o número de eleitores que aprovam a atual administração. Embora tenha somado 20% das intenções de voto, 35% dos entrevistados consideram o governo de Moisés “ótimo” ou “bom”.
Em resumo, há um contingente de eleitores com boa avaliação do governo, mas que hoje manifesta intenção de voto em outros candidatos. Na pesquisa, Moisés tem 40% dos votos entre os que consideram o governo bom ou ótimo, mas ainda divide espaço neste campo com Jorginho (16%) e Amin (14%). O objetivo da campanha de Moisés nesta reta final é encontrar esses eleitores e “namorar com eles”, segundo uma fonte ouvida pela reportagem.
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Outra aposta deve ser no chamado “voto útil”, atraindo votos de candidatos que estão abaixo de Moisés na pesquisa por ele ter chance maior de ir ao segundo turno. Além disso, o time do governador espera uma vantagem maior sobre adversários em cidades de pequeno e médio porte.
Embora as pesquisas tenham mostrado que “colar” a imagem em Bolsonaro pode trazer dividendos eleitorais, a campanha de Moisés, ao menos oficialmente, descarta uma possível “guinada” a um tom mais bolsonarista na última semana. A ideia é seguir a linha de divulgar as ações de governo em busca do eleitorado que aprova a atual gestão, intercalando com possíveis críticas a adversários.
Os reflexos na campanha de Jorginho
A candidatura de Jorginho Mello (PL) obteve na pesquisa Ipec uma demonstração de força a pouco mais de uma semana da eleição. Oficialmente, a equipe de campanha prefere não comentar os resultados e os reflexos dela nos próximos passos do processo eleitoral. A agenda deve seguir o ritmo de debates, sabatinas e encontros com entidades setoriais.
No entanto, o crescimento na pesquisa deve encorajar ainda mais a estratégia do candidato, de buscar verticalizar o voto e atrelá-lo ao presidente Jair Bolsonaro. Nos materiais de campanha, Jorginho tem forte apelo às cores verde e amarela e exibe com frequência vídeo do presidente declarando apoio a ele na disputa estadual. Na última quarta-feira, dia 21, recebeu o apoio oficial do empresário Luciano Hang, forte voz do bolsonarismo.
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A tática não é em vão. Bolsonaro teve 76% dos votos no segundo turno em 2018 no Estado, a segunda maior votação proporcional do país. Este ano, o presidente mantém a maioria da preferência no eleitorado de SC. Na pesquisa desta semana, registrou 49%, contra 27% do ex-presidente Lula entre os catarinenses.
A campanha também aposta em uma repetição, ou variação do fenômeno de 2018, em que o presidente Bolsonaro conseguiu transferir a maioria dos votos para o candidato representado pelo seu número. Na época, a tática ajudou Moisés e, neste ano, curiosamente, pode jogar contra ele e favorecer Jorginho. Outros candidatos como Esperidião Amin também buscaram amparo no apoio a Bolsonaro, mas Jorginho é visto como o candidato que conseguiu mais adesão junto a esses eleitores bolsonaristas até o momento.
Por essa relação orgânica com o presidente, um possível segundo turno em dose dupla, com disputas para o governo e presidência, é visto nos bastidores como um fator que poderia ajudar Jorginho a tentar emplacar uma nova dobradinha numérica nas urnas. A campanha de Jorginho também tem apostado em propostas. Uma das mais divulgadas é a que cria gratuidade em todas as vagas de cursos superiores em universidades do sistema Acafe. Nas redes sociais, o candidato também tem apostado em publicações direcionadas ao eleitorado feminino. Segundo a pesquisa Ipec, os votos de Jorginho estão mais concentrados em eleitores homens do que mulheres são 26% entre eles, contra 15% no recorte entre elas.
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