Atibaia fica a apenas 60 quilômetros de São Paulo, mas a cidade guarda um interior com diversas estradas de terra onde o som de carros não costuma ser o ruído mais forte. Mas durante o último fim de semana, o assobio do João de Barro e som do vento por entre os eucaliptos deu lugar ao ronco estrondoso dos carros que levantaram o pó pelo Campeonato Brasileiro de Rally.

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No parque de apoio – onde as equipes se reúnem -, assim que o sol surgia, os motores eram ligados e os carros testados. Mas a adrenalina corria veloz durante as especiais (trechos cronometrados que definem quem são os mais rápidos). Em Atibaia, eram três trechos diferentes, sendo um deles a maior especial do ano com 26 quilômetros.

Ao chegar no ponto escolhido era preciso esperar. Para quem já tinha ouvido o ronco do motor em marcha lenta no parque de apoio, a expectativa para sentir aquele som no meio da estrada era quase que angustiante.

O tempo passava e, no rádio da prova, os avisos de atrasos para a largada eram frustrantes, até que a informação tão esperada chegava.

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– Foi dada a largada, carro número 53 na especial.

Todos se posicionavam para pegar o melhor ângulo, ver a melhor cena. Mas era preciso esperar ainda que o carro percorresse alguns quilômetros para começar o ouvir o motor. O ronco chegava pelo campo e avisava que faltava pouco. E em um instante que dura poucos segundos ele passa avassalador pela estrada.

Primeiro se sente o ar quente deslocado pelo carro que movimenta as plantas à margem da estrada. Depois, quando ele já se esconde atrás da próxima curva, se ouve as pedras arrancadas pela tração rebatendo pelo chão. Por fim, resta o som se perdendo em meio pó, que toma conta de todo o lugar.

A emoção se torna viciante e a expectativa fica por conta do próximo carro. De dois em dois minutos, mais ou menos, os 37 carros se vão. Alguns podem fazer as curvas de forma parecida, mas a cena nunca é igual. Nunca se sabe se o piloto e navegador vão entrar certo na curva, se não vão se perder, se o carro não vai rodar, se eles irão ou não saltar naquele pequeno morro.

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Passamos cerca de quatro horas por dia. Em cada dia, aproveitamos dois pontos diferentes da mesma especial. Mas, infelizmente, imprevisto acontecem. Além dos acidentes – é preciso sorte para poder estar na hora certa no lugar certo para ver – outros fatores implicam no atraso ou até mesmo cancelamento de algum especial.