O presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, tomou posse neste domingo (26) conclamando seus compatriotas a virar a página das eleições, consideradas fraudulentas pela oposição.

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O novo líder do país aproveitou seu discurso de posse para anunciar uma investigação sobre a repressão mortal, a seus olhos “inaceitável”, da manifestação pós-eleitoral de 1º de agosto, que fez 6 mortos.

“Este é um novo Zimbábue, a aurora de uma Segunda República do Zimbábue”, declarou Mnangagwa a milhares de partidários e vários chefes de Estado africanos reunidos em um estádio na capital Harare.

Emmerson Mnangagwa, de 75 anos, assumiu o governo em novembro passado após a renúncia de Robert Mugabe, desencadeada pelo Exército e por seu partido, o Zanu-PF, depois de um reinado autoritário de trinta e sete anos.

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Candidato do Zanu-PF, o ex-vice-presidente foi proclamado vencedor da eleição presidencial de 30 de julho com 50,8% dos votos contra 44,3% para o seu rival do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), Nelson Chamisa.

Denunciando fraudes, o MDC contestou o resultado eleitoral perante o Tribunal Constitucional.

Mas a mais alta corte do país finalmente validou a votação, justificando que a oposição não havia provado as irregularidades denunciadas.

Em seu primeiro discurso como presidente eleito, o homem que foi apelidado de “Crocodilo” por seu caráter duro e intransigente, pediu a unidade do país.

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“Somos todos zimbabuanos, o que nos une é mais forte do que qualquer coisa que possa nos separar”, disse ele. “Agora que as eleições ficaram para trás, devemos nos concentrar nos desafios econômicos de nossa nação”, insistiu.

O Zimbábue atravessa uma crise econômica e financeira catastrófica, com uma taxa de desemprego estimada em mais de 90% da população.

“Vamos lançar medidas para atrair investimentos nacionais e estrangeiros (…), a criação de empregos estará no centro dos nossos esforços”, disse ele à multidão.

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A oposição já se opôs aos apelos de união. “Eu me considero legitimamente o líder do Zimbábue (…) nós ganhamos uma maioria clara”, declarou no sábado à imprensa Nelson Chamisa, que deliberadamente evitou a cerimônia de posse.

“O caminho jurídico não é o único caminho para a liberdade. A Constituição nos dá o direito de nos manifestar pacificamente”, disse ele.

A campanha eleitoral pareceu mais aberta do que nas eleições anteriores, sistematicamente contaminada pela violência do regime contra seus oponentes.

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Mas as alegadas fraudes denunciadas pela oposição e, acima de tudo, a sangrenta repressão pelo Exército da manifestação de 1º de agosto reviveram o espectro do passado.

Dezenas de partidários da oposição também foram presos nos últimos dias, segundo o MDC.

Mnangagwa lamentou neste domingo a repressão de 1º de agosto. “O incidente violento isolado e infeliz foi lamentável e totalmente inaceitável”, disse ele, anunciando “a nomeação de uma comissão de inquérito”.

* AFP