Emerson Nunes trocou de profissão no Avaí. Nesta quarta-feira, dia 15, em entrevista coletiva no auditório da Ressacada, o zagueiro anunciou a sua aposentadoria como jogador de futebol. Agora, será auxiliar técnico do clube.
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A decisão foi tomada por precaução. No ano passado, Emerson descobriu que sofria de um problema cardiovascular. Em agosto, passou por um procedimento cirúrgico para a colocação de um stent (um cateter cardíaco que serve para desobstruir uma artéria do coração). Desde então, fez vários exames e inúmeras avaliações médicas para saber se teria condições de continuar a carreira de jogador.
– A manutenção do stent exige a ingestão por um ano de uma substância que não permite a agregação da plaqueta, chamada de agregante plaquetário, que impediria que ele realizasse uma atividade de alta performance – explicou o médico Luis Fernando Funchal, que acompanhou desde o início a situação.
Essa substância é fundamental para a manutenção do stent e a sua falta poderia causar uma obstrução aguda de uma artéria, podendo causar a morte ou um derrame que deixaria sequelas. Então foi dado aos jogador duas possibilidades: depois de um ano realizar todos os exames para ver a possiblidade de excluir o agregante plaquetário ou optar por abandonar a carreira.
– Seria possível ele continuar atuando, mas seria muito perigoso, principalmente para a prática de atividade física de alto rendimento. Demos a opção e ele tomou a decisão sabendo das coisas que poderiam acontecer – esclareceu Funchal.
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A identificação de Emerson Nunes com o Leão e a sua história no clube resultaram no convite da diretoria para fazer parte da comissão técnica do treinador Mauro Ovelha. Emocionado, o jogador agradeceu com lágrimas a todo o apoio recebido durante o período que encarou o problema de saúde e os mais de seis meses de indefinição sobre o seu futuro.
– O que me levou a tomar essa decisão (de parar) foi a proposta de seguir outro rumo na minha carreira. Eu poderia voltar a jogar futebol, mas existia o risco e, mesmo que fosse de 1%, não quero fazer com que a minha família sofra. Estou iniciando uma nova etapa da minha vida com sentimento de dever cumprido. Deus sabe o que faz. Algumas portas se fecham para que se abram novas – declarou.
O zagueiro recebeu das mãos do treinador Mauro Ovelha a camisa da comissão técnica. A partir de hoje ele já assumiu a nova função.
– A direção me procurou e conversamos bastante. Nós achamos que era o ideal, até porque ele tinha que fazer uma opção de vida e com certeza fez a certa. Para nós é uma satisfação grande e com certeza o Emerson vai trabalhar bastante. Espero que ele possa ter sucesso – desejou o treinador.
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No final da coletiva, a mulher de Emerson, ao lado do filho Arthur, de 2 anos, leu uma mensagem e emocionou ainda mais o jogador e as pessoas, inclusive a diretoria, que acompanhavam a entrevista.
– Eu e o Arthur temos muito orgulho de você. Você é um homem muito corajoso. (?). Existe boleiro, jogador de futebol e atleta profissional. Você foi um exímio atleta profissional sempre disposto a tudo pelo seu clube, até mesmo dar o seu coração. Aqui no Avaí ganhou sobrenome, reconhecimento da torcida que ama, ganhou um stent no coração mas também ganhou uma nova profissão. Vai dar tudo certo – afirmou Katia.
A trajetória
Emerson Pereira Nunes nasceu em Belo Horizonte em 21 de março de 1982. O jogador foi revelado pelo Cruzeiro e passou por clubes como Ipatinga, Botafogo e Nacional, de Portugal.
Contratado em janeiro de 2010, Emerson Nunes jogou como titular do Avaí em boa parte da temporada. Foi campeão estadual no mesmo ano e teve importante participação na campanha da permanência da equipe na Série A do Brasileiro. Foi um dos poucos titulares a renovar com o Leão.
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Em 2011, ele começou como titular e atuou em 21 partidas. Perdeu espaço com a chegada do técnico Alexandre Gallo e passou a treinar à parte até que arrumasse outro clube. Com o problema de saúde, Emerson Nunes iniciou uma bateria de exames até a confirmação da necessidade de ser colocar o stent no coração.