O crescimento potencial dos países emergentes, em desaceleração nos últimos anos, deve cair ainda mais, projeta o Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório Perspectiva Econômica Global, divulgado nesta terça-feira. Para os países avançados, a estimativa é de que a expansão aumente, mas não para o nível de antes da crise de 2008.
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Para evitar que o crescimento siga fraco, o FMI recomenda que governos priorizem políticas para estimular o crescimento potencial, tanto de países emergentes como de avançados. O estudo ressalta que as medidas e reformas necessárias variam em cada país, mas para o bloco dos emergentes, maior gasto com investimento em infraestrutura é crítico para remover gargalos que impedem uma maior expansão da atividade.
Além disso, reformas estruturais são essenciais para melhorar o ambiente de negócios e estimular o investimento privado, que também vem caindo nos últimos anos. Nos mercados desenvolvidos, uma das recomendações é de políticas de estímulo à demanda, além de reformas de mercado, incluindo estímulo à pesquisa.
Para o estudo e o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) potencial, o FMI avaliou 16 países, incluindo o Brasil, México e a China, entre os emergentes, e Estados Unidos, França e Reino Unido, entre os desenvolvidos. O crescimento potencial é a taxa que os países crescem utilizando plenos recursos e sem acelerar a inflação.
No caso dos emergentes, a conclusão dos técnicos do FMI não é muito animadora. Depois de crescimento potencial de 6,5% entre 2008 e 2014, a taxa deve cair para 5,2% entre 2015 e 2020. Na China, a redução pode ser ainda maior por causa do rebalanceamento interno na política econômica, com Pequim querendo dar mais peso ao consumo doméstico e menos às exportações, ressalta o relatório.
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No primeiro mundo, ao contrário, a taxa deve subir de 1,3% de 2008 a 2014 para 1,6% entre 2015/2020. Mesmo com a melhora, o nível de crescimento potencial deve ser menor do que era antes da crise financeira mundial, quando os países desenvolvidos tinham expansão potencial média de 2,2%.
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O declínio no PIB potencial dos países emergentes é explicado, de acordo com o estudo principalmente pela falta de investimentos em infraestrutura, baixa produtividade e pelo envelhecimento da população. Antes da crise de 2008, a expansão potencial deste bloco de países cresceu justamente porque ocorreram transformações estruturais, ressalta o estudo.
Brasil e China são citados como exemplos de países em que o envelhecimento da força de trabalho deve se acelerar nos próximos anos. Nos países desenvolvidos, a queda da produtividade é um dos fatores que explicam a piora do PIB potencial, que vem declinando desde antes da crise financeira mundial.
O baixo crescimento potencial tem implicações na política econômica dos governos, destaca o FMI. Nos países desenvolvidos, por exemplo, a menor taxa de expansão pode prolongar a permanência de juro zero, além de dificultar a redução dos níveis de endividamento público e privado. Nos emergentes, pode complicar a melhora de indicadores fiscais.
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*Estadão Conteúdo