Pouca estrutura para tanta demanda. Essa é a justificativa do Hospital Municipal São José quando o assunto é cirurgia. Nos últimos dois anos, os atendimentos cirúrgicos aumentaram 23,5%, segundo dados divulgados pelo hospital joinvilense que é referência em urgência e emergência. No ano passado, foram mais de 14 mil procedimentos. Em janeiro deste ano, já foram 1,3 mil.
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Pacientes que sofreram traumas graves decorrentes de acidentes ou vítimas de tentativas de homicídio chegam de todas as cidades da região Norte. E são esses casos – em que o paciente corre risco de morte – que acabam tomando a vez de pacientes que estão com cirurgia marcada, porém, não menos grave.
Foi o que aconteceu com o enfermeiro Jeferson Alves Cruz, 34 anos. Acostumado a cuidar dos pacientes no PA Leste, acabou trocando de papel após ser atropelado na rua Iririú no dia 15 de fevereiro. Ele havia acabado de deixar o pronto-atendimento após uma noite de plantão quando o telefone tocou e ele precisou parar o carro para atender. Ele falava ao telefone na calçada quando foi atropelado por um carro desgovernado.
Jeferson sofreu múltiplas fraturas no tornozelo e no joelho. Desde que foi internado, teve a cirurgia desmarcada duas vezes. Em ambas as ocasiões, ficou 18 horas em jejum aguardando o procedimento. Após 22 dias internado, ele conseguiu ser operado. A cirurgia foi realizada na última sexta-feira.
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– Senti muita dor e fiquei ansioso com a demora pelo risco de ficar com sequelas. Quanto mais tempo demora, pior é (o resultado) – desabafou.
O mesmo aconteceu com o paciente Laudeci João Selvino, de 61 anos. No caso dele, a cirurgia ainda não aconteceu. O paciente, que sofre com outros problemas, como mal de Parkinson, precisa operar a vesícula. Apesar de não ser um procedimento urgente, Laudeci sofre com dores e inchaço.
Segundo a família, a cirurgia dele já foi desmarcada três vezes neste ano. Na última vez, o idoso precisou voltar para casa após 17 horas em jejum porque um paciente em estado grave chegou bem na hora da cirurgia. A filha de Laudeci registrou uma reclamação na ouvidoria do hospital.
– Até com a roupa de internação ele já estava e mandaram embora. É uma falta de respeito om o paciente – lamentou Luciane Selvino Araújo.
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O dilema de Laudeci ainda terá mais alguns capítulos. Uma nova consulta com o clínico-geral foi remarcada para o dia 27 de março, segundo informou a Secretaria de Saúde.
O que diz o Hospital São José
No hospital referência em emergência, há seis salas de cirurgia que atendem toda a região Norte. Além da sala e uma equipe especializada, o paciente precisa ter à sua disposição um leito de internação e uma UTI, caso haja complicações durante o procedimento. Segundo o São José, pacientes que correm isco de morte têm preferência e, por isso, cirurgias eletivas e de pacientes internados correm o risco de adiamento.
– Cirurgias de urgência e emergência têm e sempre terão prioridade no Hospital Municipal São José – enfatiza a diretoria da unidade por meio de nota.
O São José conta com a ampliação do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt – prevista para ocorrer em dois anos – para dar um fôlego no atendimento. Outra expectativa é a conclusão do Complexo Emergencial Ulysses Guimarães 2, no próprio São José. Com esta obra, o hospital ampliará para dez o número de salas cirúrgicas, o que vai ampliar o atendimento.
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Além da ampliação estrutural, a unidade hospitalar enfatiza a reponsabilidade e a importância de toda a rede básica de saúde para dar vazão ao atendimento de saúde.
– É necessária uma preocupação e pleno exercício das funções de todos os setores da saúde pública, seja municipal, estadual ou federal – destaca em nota.