Alegando a busca por maior competitividade global, a Embraco decidiu concentrar na China a produção de controles eletrônicos e desativar a unidade localizada no condomínio empresarial Perini Business Park, no distrito industrial de Joinville.

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Hoje, a filial funciona a poucos quilômetros da sede da maior fabricante mundial de compressores para refrigeração, fornecendo controles aos sistemas inteligentes dos produtos mais modernos da companhia.

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O processo de transferência será gradual. Começou neste mês de março e se estende até julho, informou o diretor de pesquisa e desenvolvimento da Embraco, Evandro Gon.

Com o fechamento da unidade de itens eletrônicos, a produção será integralmente absorvida pela operação com atuação semelhante na localidade chinesa de Qingdao.

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Dos cerca de 120 funcionários, dois serão expatriados para China, os demais ficarão no Brasil. Até o mês de julho, os funcionários serão transferidos para matriz. Aqueles que não quiserem realizar a mudança, poderão participar do programa de desligamento.

De acordo com o sindicato dos trabalhadores, o pacote de benefícios varia conforme a atividade e o tempo de casa, mas pode chegar à manutenção do plano de saúde por seis meses e o recebimento de até sete salários nominais.

O presidente do sindicato laboral, Rolf Decker, afirmou que não teme pelo emprego destes 120 trabalhadores porque são profissionais treinados e poderão ser aproveitados pela matriz.

Segundo ele, embora a empresa não trabalhe no máximo da capacidade produtiva desde a crise internacional de 2008, a produção de compressores tem aumentado com a reação positiva do mercado internacional. Para absorver os funcionários da unidade de eletrônicos, a empresa deve conter novas contratações, diz Decker.

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Sobre as razões da transferência, Decker avalia que a disparada do dólar, a maior na última década, também contribuiu para a decisão da Embraco, uma vez que, para montar as placas eletrônicas, a empresa depende de componentes importados e os custos praticamente dobraram com a escalada do dólar.

Nesta sexta-feira, a moeda norte-americana chegou a R$ 3,28.

ENTREVISTA

Nesta entrevista exclusiva, o diretor de pesquisa e desenvolvimento da Embraco, Evandro Gon, comenta os principais aspectos da decisão da companhia:

Transferência produtiva

A Notícia – Quais são os principais motivos da transferência da produção de controles eletrônicos de Joinville para China?

Evandro Gon – Os principais motivos da transferência da capacidade produtiva da unidade de eletrônicos brasileira da Embraco para a unidade de eletrônicos da Embraco na China são otimização dos processos e recursos, aumento da agilidade interna, simplificação de processos, melhor gerenciamento dos custos globais, otimização da cadeia logística e, consequentemente, melhoria da competitividade da Embraco mundialmente.

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AN – A unidade chinesa vai absorver toda a produção brasileira de eletrônicos?

Gon – A unidade chinesa absorverá 100% da produção. O processo de transferência acontecerá gradativamente. Teve início neste mês de março e prossegue até julho de 2015.

AN – Circulou o boato de que havia planos de ampliar a unidade de eletrônicos de Joinville, mas os planos mudaram diante da alta do dólar. Isto de fato ocorreu?

Gon – A transferência da produção da unidade de eletrônicos do Brasil faz parte da estratégia de negócios. A empresa está constantemente atenta e buscando alternativas consistentes para manter-se competitiva no longo prazo, além de focar na melhoria contínua de suas operações globalmente.

AN – Qual o impacto da alta do dólar no negócio de eletrônica?

Gon – A flutuação cambial traz impactos consideráveis para todos os segmentos de negócio que dependem de insumos externos, e com a unidade de eletrônicos não é diferente. A Embraco tem vasta experiência em lidar com situações deste tipo, uma vez que nossa atuação é global e possuímos plantas produtivas em diversos países.

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AN – Qual será o impacto da transferência para a companhia?

Gon – A decisão é estratégica e tem impacto positivo no longo prazo, considerando que otimiza processos internos e melhora a competitividade global da Embraco.

AN – A Embraco vai promover transferências também na unidade de compressores?

Gon – Não.

AN – De que forma o dólar em alta impacta a unidade de compressores?

Gon – A Embraco é uma empresa global e oscilações de câmbio em qualquer país em que atuamos são sentidas em nossos negócios. No entanto, pensamos no longo prazo e nos preparamos para enfrentar os desafios que o mercado impõe, seja por queda na demanda, aumento de custos, problemas de infraestrutura ou concorrência. Estamos sempre atentos e buscando manter nossa competitividade, rentabilidade e melhorias em nossas operações.

Trabalhadores

AN – Haverá alguma demissão, mesmo que pontual?

Gon – Os funcionários da unidade de eletrônicos Brasil terão a oportunidade de serem transferidos para nossa unidade de compressores, também localizada em Joinville, de acordo com a disponibilidade de vagas e do perfil. Para aqueles que optarem por não trabalhar mais na Embraco , a companhia oferecerá um pacote de benefícios, específico para esse processo de transferência.

AN – Algum funcionário será expatriado para China?

Gon – Sim, haverá duas expatriações para China com o objetivo de facilitar o processo de transição.

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