A Epagri lançou no mar nesta semana uma plataforma mecanizada que facilita o trabalho dos maricultores na colheita dos mexilhões. O equipamento, desenvolvido pelo Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca (Cedap), é capaz de tirar da água, individualizar, lavar e classificar os mexilhões por tamanho sem exigir esforço braçal do produtor. Além de melhorar a eficiência e a ergonomia dessas tarefas, a plataforma permite realizá-las ainda no mar.
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De acordo o pesquisador André Luís Tortato Novaes, da Epagri/Cedap, quando esse trabalho é realizado manualmente, uma pessoa consegue processar entre 250kg e 300kg de mexilhões por hora.
— A capacidade do equipamento será determinada na fase de testes, que começa agora, mas nossa ideia é multiplicar esse número por dez — afirma.
A partir da próxima semana, a plataforma será testada em fazendas marinhas comerciais. Essa fase é importante para avaliar o desempenho operacional e ergonômico dos equipamentos e fazer os ajustes necessários antes de liberar a fabricação. Quando o protótipo estiver totalmente adequado, a Epagri vai realizar eventos para divulgar a tecnologia para os maricultores.
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Apesar do crescimento dessa cadeia produtiva nos últimos anos, o trabalho de quem produz mexilhões ainda é muito rudimentar.
— A colheita concentra o maior número de operações, demandando grande volume de trabalho e esforço físico dos produtores. Isso gera desperdício de recursos e exposição dos trabalhadores a riscos de ocorrência de doenças ocupacionais, como os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho — conta André.
Problemas nas pernas, nos braços e na coluna, além de cortes pelo corpo, são problemas comuns entre os maricultores.
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Mais barato
Outra vantagem do equipamento catarinense é o custo. Países como Espanha, Nova Zelândia, Chile, França e Holanda já mecanizam esses processos, mas a importação torna a tecnologia economicamente inviável para os produtores catarinenses. Além disso, os equipamentos ainda teriam que ser adaptados às características locais de cultivo.
— Apenas uma das máquinas usadas na plataforma, se fosse importada da Espanha, custaria R$140 mil. Aqui na Grande Florianópolis, construímos o protótipo dessa máquina com R$ 22 mil — exemplifica André.
O projeto foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de SC (Fapesc) e contou com a participação de empresas locais na fabricação do protótipo: Hydreco Hydraulics, que produziu as máquinas, e a Rhino Tech Boats, que fabricou a plataforma.
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— Além dessas, a Sec Boats, de Palhoça, está interessada em disponibilizar um protótipo otimizado de embarcação — acrescenta André.
Quando a solução estiver no mercado, a ideia é que os produtores possam comprar as máquinas individualmente, de acordo as operações que queiram mecanizar.
Liderança nacional
O estado de Santa Catarina é o maior produtor nacional de moluscos bivalves (mexilhões, ostras e vieiras). Na safra de 2015, produziu 20,4 mil toneladas. O cultivo de mexilhões contribui com 85% desse total, respondendo por 17,3 mil toneladas.
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Na última safra, 495 empreendimentos se dedicaram à produção de mexilhões, o que representa 87% do contingente de fazendas marinhas em atividade do Estado. A facilidade de comercialização e a menor exigência de manejo nos cultivos são fatores que influenciam a adesão dos produtores ao cultivo de mexilhões.